Edição 2022 do ‘É Tudo Verdade’ tem poderosa e eclética programação
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O diretor e fundador do festival de documentários “É Tudo Verdade”, Amir Labaki, apresentou na terça (15) o programa da 27ª edição do evento, que traz uma das mais expressivas e abrangentes programações dos últimos anos.
O evento acontece de forma híbrida entre 31 de março e 10 de abril em quatro salas de São Paulo; e de 1 a 10 de abril em duas salas no Rio de janeiro. A versão online será de 31 de março a 10 de abril nas plataformas É Tudo Verdade Play, Itaú Cultural e Sesc Digital.
“É um privilégio o retorno progressivo do festival às salas de cinema, respeitados os protocolos sanitários ainda necessários frente à pandemia como passe vacinal, uso de máscaras e lotação limitada. O respeito prioritário à segurança de todos, do público, assim como das equipes dos filmes, das instituições parceiras e do festival, impõe ainda um formato híbrido, de transição, para um programa com o grau de excelência do ‘É Tudo Verdade’”, ressaltou Labaki.
O Festival exibirá 77 produções, entre longas, médias e curtas, inéditas no país. São filmes de 34 países. Além disso, o evento também terá debates, conferências, master classes, entre outras atividades.
A programação mantém a tradicional Mostra de Clássicos com títulos de consagrados cineastas como Dziga Vertov e Orson Welles, e que inclui o emblemático filme de Eduardo Escorel “Chico Antônio – O Herói Com Caráter” (1983), resgate do personagem real Chico Antônio, cantador do Rio Grande do Norte, mencionado pelo escritor Mário de Andrade em seus trabalhos sobre a cultura popular brasileira.
A tradicional Homenagem será para Ana Carolina, que exibirá três curtas-metragens de sua obra produzidos entre 1969 e 1975: “Indústria”, “Getúlio Vargas” e “Anatomia do Espectador”.
A Retrospectiva desta edição será com Ugo Giorgetti, que trará curtas, médias e longas do cineasta produzidos entre 1973 e 2021.
O programa inclui ainda a 19ª Conferência Internacional do Documentário, que neste ano discute o Patrimônio do Cinema Documental.
ABERTURA
Tanto em São Paulo, quanto no Rio de Janeiro, o festival abre com os novos trabalhos do cultuado documentarista britânico Mark Cousins, distinguido em 2020 com a edição inaugural do Prêmio de Inovação Narrativa da European Film Academy.
No Rio de Janeiro, com “A História do Cinema: Uma Nova Geração” (Reino Unido), mostrando como a tecnologia está mudando o curso do cinema no novo século. Em São Paulo, com A História do Olhar (Reino Unido), que explora o papel da experiência visual em nossa vida individual e coletiva.
O encerramento será com o ótimo e oportuno “O Território”, do norte-americano Alex Pritz, coprodução entre Brasil, Dinamarca e EUA. Premiado no Festival de Sundance com o Prêmio Especial do Júri e o de Audiência, o documentário acompanha um jovem líder indígena brasileiro que luta contra fazendeiros que ocupam uma área protegida da Floresta Amazônica.
PROGRAMAÇÃO
Sete produções nacionais de longas-metragens serão exibidas, seguidas de debate com as equipes dos filmes.
“Adeus, Capitão”, de Vincent Carelli e Tita, sobre o “Capitão” Krohokrenhum, líder do povo indígena Gavião (PA) que morreu em 2016;
“Belchior – Apenas um Coração Selvagem”, de Camilo Cavalcanti e Natália Dias, que retrata o poeta, cantor e compositor de Sobral (CE);
“Eneida”, de Heloisa Passos, sobre Eneida, 83 anos, mãe da Diretora que busca por sua filha primogênita;
“Pele”, de Marcos Pimentel, um mosaico de grafites, símbolos e declarações que revelam desejos, medos, fantasias e devaneios;
“Quanto Falta o Ar”, de Ana Petta e Helena Petta, que aborda a face humana da luta coletiva contra a pandemia;
“Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto”, de Pedro Rossi, retrato de Rubens Gerchman (1942-2008) e sua arte com cenas urbanas e do cotidiano;
“Sinfonia de um Homem Comum”, de José Joffily, sobre José Bustani, primeiro diretor-geral da Organização de Proibição de Armas Químicas e a pressão que passou a sofrer dos EUA para se demitir.
Entre os doze longas e médias-metragens internacionais, se destacam:
“Cesária Évora”, (Portugal), de Ana Sofia Fonseca, com imagens inéditas, da cantora cabo-verdiana (1941-2011); “Tantura”, de Alon Schwartz, abordando a pesquisa de Teddy Katz sobre o massacre que teria ocorrido na aldeia de Tantura, em 1948; e “Navalny”, de Daniel Roher, thriller documental sobre como um dos líderes da oposição russa ao regime de Vladimir Putin, sobreviveu a uma suposta tentativa de assassinato por envenenamento em 2020.
Na mostra de curtas-metragens nacionais em competição, um dos mais esperados é “Carta para Glauber” - escrita em 1964 pelo cineasta Gustavo Dahl para o amigo Glauber, que estava em Cannes apresentando seu filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”.
E na internacional é aguardado com expectativa “Heroínas”, de Marina Herrera (Peru), abordando o culto de um grupo de mulheres que se dedicam à veneração da guerreira da independência Tomasa Ttito Condemayta.
São destaques na Mostra Sessões Especiais: “Duke Ellington em Isfahan”, de Ehsan Khoshbakht (Reino Unido) relato da turnê pelo Oriente Médio em 1963 do cultuado jazzista; “JFK Revisitado: Através do Espelho”, de Oliver Stone, sobre os arquivos que deixaram de ser sigilosos relativos ao assassinato do presidente John F. Kennedy; e “Quando Fazíamos Bullying”, do consagrado Jay Rosenblatt, abordando um caso com o tema ocorrido há cinquenta anos.
Na Estado das Coisas, mostra não competitiva de títulos brasileiros e internacionais, um dos mais esperados é “Oscar Micheaux: O Super-Herói do Cinema Negro”, de Francesco Zippel, retratando o pioneiro cineasta (1884-1951), da indústria cinematográfica afro-americana.
E em Foco Latino é aguardado com expectativa “O Vento nos Deixará”, de Pablo Martínez Pessi (Uruguai), sobre um tornado que passou sobre uma pequena cidade, deixando destroços e histórias perdidas.