CINEMA
Crítica - ‘Trem bala’: uma bomba espetacular com elenco estelar que descarrilha geral
Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br
Publicado em 07/08/2022 às 11:31
Alterado em 07/08/2022 às 11:31

Quando certos filmes chegam cercados de embargos, 'não pode falar nada antes', tem lançamento mundial, a gente desconfia. Geralmente, é fria. É o caso deste ‘Trem Bala’ ('Bullet Train'), que, apesar de dirigido por David Leitch, um camarada que sabe fazer bem filmes de ação com toques de ironia (vide ‘Atomic Blonde’, a continuação pouco inferior de ‘Deadpool’ e sua direção de stunts em ‘John Wick’), ficou abaixo de todos estes. Por isso, o lançamento cuidadoso, para conseguir faturar algum nas bilheterias, antes que todos descubram que se trata de uma bomba e role o boca-a-boca negativo.
O filme é uma colcha de retalhos que tem tudo o que você já viu em produções de ação com toques de humor feitos por Tarantino e Guy Ritchie (e este já é cópia do Taranta), e mais a pia da cozinha, como dizem os americanos. Elenco estelar (Brad Pitt, Sandra Bullock, Aaron Taylor-Johnson, Michael Shannon) para chamar atenção nos cartazes, e uma trama rocambolesca que enfia vários assassinos de contrato diferentes num trem bala japonês. A princípio, eles não se conhecem. Mas as missões de todos irão levar para um mesmo destino final.
E tome-lhe piadinha sem graça (e forçadas), cenas de luta mais ou menos (limitadas pelo espaço dos vagões) e uma tentativa (fracassada) de desconstruir esse tipo de filme. O fio condutor é o personagem de Brad Pitt, que pegou o ‘serviço’ na vaga de outro que não pôde fazer. Usando o codinome Ladybug (joaninha), é um típico doidão zen Califórnia, que Pitt faz com um pé nas costas. Ele tem carisma e traquejo o bastante pra isso. O outro destaque é a personagem Prince (Joey King), que também imprime alguma personalidade a seu papel, uma suposta menina inocente. O resto do elenco tem que se sujeitar a tipos caricatos e cheios de frases feitas, de dar vergonha. O que não se faz para pagar boletos.
É o tipo de filme que, se lançado direto para streaming, talvez desse mais certo. Como ‘O agente oculto’, do Netflix, que, perto desse, acaba parecendo bem melhor do que realmente é.
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