Documentário sobre a artista Nan Goldin leva o Leão de Ouro em Veneza

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO

Cenado grande vencedor do festival, "All the beauty and the bloodshed", da diretora americana Laura Poitras

O Festival de Cinema de Veneza divulgou neste sábado (10) os premiados de sua 79ª edição iniciada em 31 de agosto no formato presencial.

A apresentadora Rocío Muñoz Morales chamou ao palco a atriz Juliane Moore, presidente do Júri oficial. Acompanhada pelos jurados, o produtor argentino Mariano Cohn, o roteirista italiano Leonardo Di Costanzo, a diretora francesa Audrey Diwan, a atriz iraniana Leila Hatami, o escritor Kazuo Ishiguro e o diretor espanhol Rodrigo Sorogoyen, Moore anunciou os premiados.

O Leão de Ouro, principal prêmio do festival foi para “All the beauty and the bloodshed”, da diretora americana Laura Poitras. O filme é um documentário sobre a vida e obra da artista Nan Goldin.

“Gostaria de agradecer ao festival por celebrar a importância do cinema. Queria agradecer também ao júri e dizer que estou recebendo este prêmio por causa de Nan Goldin, que infelizmente não pôde estar aqui ”, declarou Poitras, visivelmente emocionada.

O Leão de Prata – Grande Prêmio do júri foi conquistado pela diretora francesa Alice Diop por “Saint Omer”.

O Leão de Prata de Melhor Diretor foi para o italiano Luca Guadagnino, pelo filme “Bones and all”.

Ao subir ao palco para receber o troféu, Guadagnino declarou: “Julianne, você é magnífica, agradeço a todos os membros do júri”.

O Prêmio Especial do júri foi para “No bears”, do iraniano Jafar Panahi.

O troféu para Panahi foi recebido por Mina Kavani, que disse, sob muitos aplausos: “Jafar não pôde estar conosco hoje. Agradecemos ao festival e aos membros do júri por fazerem uma afirmação do poder do cinema”.

O Melhor Roteiro foi conquistado por Martin McDonagh por “The banshees of Inisherin”

O Prêmio Coppa Volpi de Melhor Atriz foi para Cate Blanchett por “Tár”, de Todd Field.

“Fazendo um exercício egocêntrico de falar sobre meu próprio filme, agradeço ao festival por nos incluir em meio a uma seleção de tantos grandes filmes. Este prêmio não pertence a mim, mas sim a Todd Field, um grande diretor”, ressaltou a atriz.

O Coppa Volpi de Melhor Ator foi conquistado por Colin Farrell, por “The banshees of Inisherin”, de Martin McDonagh.

O Prêmio Marcello Mastroianni, que reconhece o Melhor Jovem Ator ou a Melhor Jovem Atriz foi para Taylor Russell, em “Bones and all”, de Luca Guadagnino.

“World war III”, de Houman Seyedi, ganhou o prêmio de Melhor Filme da Mostra Orizzonti.

O Leão Honorário pelo conjunto da obra foi para o diretor americano Paul Schrader. Seu filme mais recente, “Master gardener”, foi exibido hors concours no festival.


Rumo a 2023


O Festival de Veneza é conhecido por lançar filmes com potencial de serem indicados ao Oscar. E neste ano não foi diferente. Por sinal, pela primeira vez, o diretor da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Bill Kramer, foi um dos principais convidados para estar no evento italiano.

Além disso, como é também uma característica que procura manter, Veneza não deixou de incluir o viés político em sua programação. Não só em filmes que retrataram o conflito da Russia com a Ucrânia, mas na inclusão de “No bears”, do iraniano Jafar Panahi, na competição oficial. O diretor está preso em seu país porque se manifestou contra a prisão de outros colegas.

Como citado acima, Panahi, ganhou também o Prêmio Especial do Júri.

Quanto à Ucrânia, houve até uma das datas (08 de setembro) que foi “o dia da Ucrânia”, com uma série de eventos de apoio ao país.

Veneza apresentou também uma programação que incluiu muitos diretores consagrados, além de ter tido a presença de celebridades e muitos momentos marcantes como a exibição de “In viaggio”, do italiano do Gianfranco Rosi, documentário sobre o papa Francisco com foco em suas viagens pelo mundo protestando contra as guerras e a desigualdade social; a estreia na ficção do veterano documentarista de 92 anos, Frederick Wiseman, com “A couple”; e a ovação a “Blonde”, de Andrew Dominik, cinebiografia sobre Marilyn Monroe estrelada pela cubana Ana de Armas; entre muitos outros.

Em resumo, o evento italiano, o mais antigo festival de cinema do mundo, celebrou em grande estilo sua volta ao formato presencial, já se preparando para a comemorativa 80ª edição em 2023.