CINEMA
Crítica - ‘The Fabelmans’: memórias da juventude de Spielberg, uma carta de amor aos seus pais
Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br
Publicado em 18/01/2023 às 13:42
Alterado em 18/01/2023 às 13:47

Primeiro, vamos evitar o surrado clichê ‘uma carta de amor ao cinema’. De certa forma, ‘Os Fabelmans’ (‘The Fabelmans’) até é. Mas, acima de tudo, é uma carta de amor do diretor Steven Spielberg a seus pais, à sua família. O menino que se encantou com a sétima arte ao assistir ao grandioso ‘O maior espetáculo da Terra’ (‘The greatest show on Earth’, 1952), de Cecil B. DeMille, deve muito de seus dotes artísticos a seus pais. Sobretudo à sua mãe, Leah (no filme, Mitzi, interpretada com grande brilho por Michelle Williams). Foi ela quem, desde cedo, mostrou as belas artes e a cultura em geral para o filho. Ela era uma pianista prodígio, mas que não foi em frente com a carreira por causa da família. Ela, a mãe, pontua cada cena do filme pelo qual o diretor vem ganhando vários prêmios nesta pré-temporada dos Oscars. Não menos importante foi seu pai, Arnold (no filme, Burt, feito por Paul Dano), um proto nerd de tecnologia antes mesmo de o Silicon Valley existir. Tendo um de cada lado (o artístico e o tecnológico), não foi difícil para o jovem Steven (no filme, Sammy, feito por Gabriel Labelle) botar a sua imaginação para voar a partir de filmes em Super-8.
Um filme recente, ‘Armaggedon time’, de James Gray, também é autobiográfico e usa de passagens da juventude do diretor (também judeu), só que mais puxado para o lado da formação de caráter e amadurecimento. Em ‘Os Fabelmans’, o jovem Sammy (cujo recorte de tempo vai dos sete aos 18 anos) vive o dilema de amar os pais e descobrir que nem tudo está bem entre eles, por trás das aparências, o que parte seu coração. Além disso, vários momentos mostrados nas reminiscências acabaram por, de certa forma, estar em seus filmes, de vários modos. Os fãs do diretor e cinéfilos em gera, vão adorar sacar essas citações. E quem quer apenas um bom drama familiar, terá em ‘Os Fabelmans’ um ótimo exemplar. Os pais do diretor faleceram recentemente: a mãe, em 2017; o pai, em 2020.
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