Crítica: ‘Criaturas do Senhor’: o que uma mãe protetora pode fazer por um filho, com sérias consequências

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO

O filho (Paul Mescal) e a mãe (Emily Watson) que são o centro da trama de 'Criaturas do Senhor', sombrio e lento drama irlandês 

O que uma mãe pode fazer para proteger um filho? Mentir, mesmo contra todos os seus princípios? Esta é uma das questões abordadas em ‘Criaturas do Senhor’ (‘God´s Creatures’), novo filme estrelado por Paul Mescal (‘Aftersun’) e pela tarimbada Emily Watson, em drama dirigido por Anna Rose Holmer e Saela Davis, já em cartaz no Brasil.

Mescal, indicado ao Oscar de Melhor Ator em 2023, por seu trabalho no premiado ‘Aftersun’ (depois de ter chamado a atenção na série ‘Normal People’), faz Brian O´Hara, jovem que deixou sua vila de pescadores, na Irlanda, e passou um ano na Austrália. Sua volta repentina muda a dinâmica de sua família (mãe superprotetora, irmã mãe solteira, avô doente e pai com quem não fala desde que abandonou o negócio da família, uma fazenda de ostras). Depois de um reencontro com antiga amiga de infância, Sarah (Aisling Franciosi), algo estranho acontece. Aparentemente, um ataque sexual.

Emily Watson, que interpreta Aileen O’Hara, mãe de Brian, tem ideia do que pode ter acontecido. Mas, indagada pela polícia, diz que o filho passou a noite com ela. Assim, fica o dito pelo não dito. Brian, querido na comunidade, passa incólume pelo assunto; enquanto que Sarah parece que está inventando coisas, no que é ignorada pelos habitantes da vila.
Watson, que já foi indicada ao Oscar duas vezes (por ‘Ondas do destino’ e ‘Hilary e Jackie’), é uma atriz magistral, que diz tudo nos detalhes, nos olhares. O filme, que tem ritmo lento (como a vida na vila de pescadores), questiona os conceitos de certo e errado, o que leva para um final sombrio, inevitável.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.