CINEMA

Crítica - ‘Asteroid city’: mais do mesmo Wes Anderson. Que bom

Cotação: três estrelas

Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 16/08/2023 às 11:19

Wes Anderson Reprodução

Poucos cineastas provocam aquela sensação do ame-odeie com tanta força quanto o americano Wes Anderson, de filmes como ‘O grande hotel Budapest’ e ‘Os excêntricos Tenenbaums’. Essa dualidade novamente está em cena com o novo filme do camarada, ‘Asteroid city’. Mas, falem o que for, o fato é: não existe nenhum diretor que faça filmes iguais aos que Wes faz. Ele criou todo um universo próprio, que mistura lugares fictícios, técnicas que mixam filme tradicional, animação stop-motion, animação tradicional, truques de teatro, criando um mundo que só existe em seus filmes, a la Mélies. É uma assinatura indelével e inimitável.

Macaque in the trees
Com elenco estelar, 'Asteroid City' resume a carreira de Wes Anderson (Foto: Divulgação)

E ‘Asteroid city’, seu novo trabalho, parece uma colcha de retalhos, um resumo de tudo o que fez até agora: personagens estranhos com nomes esquisitos num mundo artificial e quase onírico. No caso, é um filme dentro de uma peça (ou vice-versa) que será encenada para a televisão. Acompanhamos a montagem da peça de teatro (a partir do autor) que se passa no lugar do título do filme, uma cidade em algum recanto do deserto de Nevada, nos EUA, onde aconteceram as experiencias com a bomba atômica. A peça é em preto e branco, enquanto que o filme, multicolorido. O lugar ganhou este nome (cidade do asteroide) por conta da queda de um corpo celeste lá. Acontece que, em dado momento, um alienígena (!) aparece durante uma reunião de cientistas. O que põe a cidade em quarentena.

Mas nada é assim exatamente como a gente descreve. Se você não está familiarizado com os delírios do diretor, vai entender nada ou ficar entediado. São muitos núcleos, muitas subtramas, muitas piadinhas internas. Para variar, o elenco estelar impressiona: Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Steve Carell (este último, substituindo o ‘residente’ Bill Murray, que estava de quarentena na época da pandemia de covid), Bryan Cranston, Edward Norton, Adrien Brody e Tom Hanks, nenhum especialmente com algum tipo de protagonismo, e alguns fazendo dois personagens simultaneamente.

Como em ‘Moonrise Kingdom’, o elenco infanto-juvenil é um dos destaques e meio que o fio condutor. E, nuns cantinhos do filme, aparece uma ave do deserto, o road-runner, aquele mesmo dos desenhos animados do bip-bip (o papa-léguas). Se você quer se desligar do mundo real, nada melhor do que mergulhar num filme de Wes Anderson. Este é um de seus mais fantasiosos.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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