CINEMA

Crítica - ‘Um lugar silencioso: dia um’: quando tudo começou

Cotação: duas estrelas

Por TOM LEÃO

Publicado em 02/07/2024 às 15:53

Alterado em 02/07/2024 às 15:53

Lupita Nyong´o faz uma mulher doente que testemunha o dia da chegada dos alienígenas, na prequel da série de filmes sci-fi 'Um lugar silencioso' Foto: divulgação

Há alguns anos, o ator John Krasinski (o ‘Jim’ da série de comédia americana ‘The office’) chamou a atenção com o seu filme de estreia como diretor e roteirista, o imaginativo (e tenso) sci-fi ‘Um lugar silencioso’ (‘A quiet place’, 2018). O filme de pequeno orçamento (na casa dos US $20 milhões) faturou mais de US $300 milhões, mundialmente, o que levou a uma igualmente bem sucedida continuação, dois anos depois. Sem muita explicação, ambos os filmes mostram a jornada de uma família, no interior americano, fugindo de alienígenas (que são cegos, mas se guiam pelos sons e ruídos). Assim, o primeiro filme é praticamente mudo. A família se comunica por gestos e pela linguagem dos sinais. Até porque, um dos filhos é uma menina muda. Uma boa experiencia na sala de cinema.
Agora, chega o terceiro filme da série, que não é uma continuação dos dois primeiros, mas uma prequel.

Isto é, se passa antes. Mais precisamente, no dia em que os alienígenas chegaram e dominaram o nosso planeta. Mas, como nos anteriores, tudo continua sem explicação. Somos pegos de surpresa pela invasão e, aos poucos, aprendemos que não devemos fazer barulho, para não morrer. Ironicamente, o filme se passa em Nova York, uma das cidades mais ruidosas do planeta (e que já foi invadida inúmeras vezes por alienígenas, e também destruída por monstros diversos).

Mais de 20 anos depois dos eventos do 11 de setembro, ao ver os habitantes com os rostos sujos de poeira e destroços (no filme), nos lembramos do dia do maior ataque terrorista da história. Agora, seguimos a jornada de Samira (Lupita Nyong´o), mulher com câncer terminal, que num passeio corriqueiro em Manhattan, se depara com a invasão, perde amigos, e fica apenas com seu gato de estimação. No caminho, acaba sendo ajudada por Eric (Joseph Quinn, de ‘Strangers Things’), que foi a Nova York para estudar advocacia, um personagem simpático, mas que não diz realmente a que veio.

O filme, dirigido agora por Michael Sarnoski, não se foca tanto nos monstros ou na destruição da cidade, mas nas memórias afetivas de Samira, antes que ela se vá (tudo o que ela quer, antes de morrer, é comer um pedaço da maravilhosa pizza de Nova York). E como é possível encontrar momentos de ternura em meio a todo aquele caos. Com seus enxutos 99 minutos (um milagre nos dias atuais), o filme mantém a plateia quieta e apreensiva, como nos anteriores. E traz uma nova visão ao todo, embora continue sem nos revelar quem são os invasores, porque nos escolheram e o que pretendem.

Deixe seu comentário