CINEMA
Crítica - ‘Beetlejuice, Beetlejuice’: Tim Burton como gostamos
Por TOM LEÃO
Publicado em 04/09/2024 às 15:11
Alterado em 04/09/2024 às 15:11
Faz tempo que a gente não vê a continuação de um filme popular que realmente tenha valido a pena. E faz mais tempo ainda que a gente não vê um filme de Tim Burton com cara e alma de Tim Burton. Pois “Os fantasmas ainda se divertem” (‘Beetlejuice Beetlejuice’) traz os dois elementos. E ainda, um elenco bem escalado e roteiro bacana.
O original “Beetlejuice, os fantasmas se divertem” (1988) foi o primeiro sucesso comercial de Burton. Ele trazia tudo o que seria a marca registrada/cara do diretor: cenários surreais, que remetiam ao expressionismo alemão, humor negro aos baldes, atmosfera gótica e, sobretudo, um personagem muito estranho e asqueroso, o Beetlejuice do título, espécie de demônio que vive querendo fugir do mundo dos mortos. Para isso, basta falar seu nome três vezes e, presto!
Se você ainda não viu o filme original, precisa fazê-lo (tem no Max), pois o novo é repleto de referências vindas dele. Assim, a viagem será melhor apreciada. Esta sequência tardia (36 anos após o original) traz de volta dois personagens: a dark Lydia Deetz (Winona Ryder, que era uma adolescente no primeiro, e agora é uma celebridade da TV, com um programa sobre fantasmas e movida à base de drogas prescritas) e sua mãe, a afetada artista plástica, Delia (Catherine O´Hara, que nasceu para o papel).
Além, é claro, do nojento e safado Beetlejuice (interpretado com picardia por Michael Keaton).
Lydia agora tem uma filha adolescente, Astrid (Jenna Ortega, a Wandinha da série do Burton na Netflix, ótima), que não acredita em nada dessas coisas de fantasmas e além. Até que acaba tendo uma experiência com o sobrenatural e demonstra que tem os mesmos dons da mãe: o de ver fantasmas. Uma tragédia familiar as leva de volta à casa do filme original, a tal mansão fantasma, onde novos personagens (como uma noiva cadáver, feita por Monica Belucci) e o agente interesseiro de Lydia (Justin Theroux), além de um policial do além, feito com bastante clima de paródia por Willem Dafoe.
Com todos estes ingredientes, Burton fez um filme que estava nos devendo faz anos, jogando todos os seus elementos, maluquices, humor bizarro, sem medo da Disney (por onde fez seus últimos e algo decepcionantes filmes, agora, volta a Warner, onde tem mais liberdade, até brinca com isso numa piadinha lá), deixando os fãs de seu estilo único satisfeitos. Ainda que ele termine tudo de forma meio atabalhoada (são quatro tramas que se entrelaçam). Então, pode chamar sem medo: Beetlejuice! Beetlejuice! Beetlejuice!
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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.