CINEMA

Crítica - ‘Coringa: delírio a dois’, uma piada musical

Cotação: duas estrelas

Por TOM LEÃO

Publicado em 02/10/2024 às 18:36

Alterado em 02/10/2024 às 18:40

Apesar da química entre Lady Gaga e Joaquin Phoenix, o novo filme do Coringa, que é musical, é uma sequência que não precisava ter sido feita Foto: divulgação

Cinco anos depois do surpreendente e bem-sucedido ‘Coringa’ (‘Joker’), o diretor Todd Philips e o roteirista Scott Silver retornam ao mundo delirante do psicopata Arthur Fleck (Joaquin Phoenix, num de seus mais memoráveis trabalhos), mais conhecido como Coringa. Além do sucesso de público e critica, o filme foi um dos raros impróprios para menores (rated R, nos EUA) a bater a casa do bilhão de dólares, coisa que só animações ou filmes de sagas famosas conseguem atingir.

Daí que o bichinho da $equência bateu à porta (apesar de o diretor ter dito que não faria continuação), e o resultado é ‘Coringa: delírio a dois’ (‘Joker: folie à deux’, termo que, em francês, é usado pela psicologia para designar rompantes de loucura praticados por duas pessoas). No caso, o perturbado Fleck conhece na prisão (numa aula de canto) Harley Quinzell (Lady Gaga, que tem boa química com Phoenix), e assim descobre, de forma torta, o amor. Romance e música, aliás, são coisas que mexem bastante com a mente de psicopatas. Por isso o filme é um musical -- ainda que não ao pé da letra --, que presta homenagem a números clássicos já vistos em filmes dos anos 50 e 60. Já o filme se passa na mesma Nova York do mesmo mundo paralelo do anterior (que a DC Comics chama de ‘elseworlds’, para não misturar com as timelines/cânones de seus filmes de linha do universo Batman), uma cidade suja e decadente, em algum momento dos anos 1970.

Contudo, apesar dos elaborados números musicais (mais do que deveria, o que alonga o filme; mas assim exploram mais os talentos vocais de Gaga) que aparecem, na maioria das vezes, como delírios do casal Coringa-Arlequina (embora esta nunca se assuma como tal), as partes nunca ‘clicam’ direito, num filme de tribunal tedioso (se passa, 80% do tempo, no julgamento de Fleck pelos crimes do filme anterior), pouco envolvente, cuja única coisa realmente boa é a entrega de Phoenix ao papel. Felizmente, pelo seu desfecho, parece que não haverá mais. Era melhor ter deixado quieto. Foi uma piada mortal.

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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