Futebol: Quartel em polvorosa com meninas dos EUA
Gustavo de Almeida, Agência JB
RIO - As 18 meninas e mais a técnica Jill Ellis não chegaram a levar um susto quando o ônibus da delegação norte-americana chegou ao quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), unidade do Exército em Bonsucesso, com portão em frente à Avenida Brasil. Mas certamente os soldados, cabos e sargentos no quartel, se não ficaram assustados, no mínimo se mostraram preocupados juntou foi marmanjo em volta do campo para, digamos, conferir se o time americano de meninas até 20 anos joga no 3-5-2 ou no 4-4-2.
Oh, give me a break (Ah, dá um tempo!)! responde, rindo, quando perguntada sobre a tática, a gentil Team Leader da equipe, Britney Braun, que faz as vezes também de musa da delegação pelo menos na opinião de todos os militares em volta do gramado. Do tipo "mignon", Britney é uma gerente discreta e liberal todas as meninas podem usar celular para falar a hora em que bem quiserem com seus namorados.
Há tempo livre para tudo!
Aos 27 anos, Britney admite que torce pelos Arizona Cardinals no futebol da bola oval, mas que para ela esse esporte é meio como beisebol para os brasileiros: alienígena.
Prefiro o futebol em que se chuta... diz a simpática manager.
Os olhares dos soldados se dirigiam mais para a louraça Nicki Marshall, zagueira de estilo técnico porém vigoroso. E que vigor!
Uma mulher dessa vale por duas! exclama um pracinha à beira do gramado.
A mudança na rotina, pelo jeito, agrada aos dois lados. Em vez de Gatorade, as meninas de todas as partes dos EUA se refrescam com água potável em copos com a marca da Cedae. E no lugar da temperatura amena dos vinhedos da Califórnia, os 30 graus de Bonsucesso, às margens do Complexo da Maré. Viram alguma favela?
Só vimos mesmo a praia, muita praia responde Britney, em um inglês bem límpido.
Se vier a medalha de ouro, será o primeiro título para todas elas, de idade no máximo até 19 anos e jogadores de universidades.
A atacante mais maliciosa do time é Casey Nogueira. Nogueira? Tem sangue brasileiro?
Meu pai é de Moçambique responde Casey, fã de Bob Marley que entra em campo com Redemption Song na cabeça. É uma das poucas da delegação americana que não é estreante em termos de Rio de Janeiro. Apesar de já conhecer a cidade, a craque se confunde quanto perguntam qual o time de futebol favorito no Rio:
Santos!
Ao ter a atenção chamada, no entanto, corrige:
Flamengo!