Curas fitoterápicas
Alex Botsaris , Jornal do Brasil
RIO - No final dos anos 90 o aumento do uso de medicamentos a base de plantas medicinais chamou grande atenção no mundo. A expectativa era que o uso de plantas voltaria a ser significativo em muitos países, e que médicos passariam a prescrever mais fitoterápicos. Entretanto as coisas não evoluíram dessa forma e as plantas saíram da berlinda por algum tempo. Eis que parece que há um novo retorno dos fitoterápicos se ensaiando nos próximos anos. Pelo menos é o que se deduz dos resultados apresentados no 2º Congresso Iberoamericano de Fitoterapia, realizado este mês em Lisboa.
No evento, pesquisadores de várias universidades europeias se juntaram aos seus colegas latino-americanos na divulgação de mais dados que reafirmam a eficácia e a segurança de muitos fitoterápicos em doenças como diabetes, hipertensão arterial, úlcera gástrica, dor e inflamação. Pesquisadores também continuam estudando e descrevendo novas substâncias químicas naturais com potencial em várias áreas.
Na área de estimulantes da imunidade há um grande avanço com o descobrimento de novos extratos, que poderão ter utilidade em câncer e doenças autoimunes. Vale frisar que os cientistas que estudam plantas cada vez mais consolidam o conceito de fitocomplexo ou seja, o uso de um grupo de substâncias da planta como ele se apresenta naturalmente, a partir da observação que seu efeito é menos agressivo ao organismo humano. No mais, o efeito de alguns fitocomplexos não pode ser reproduzido por moléculas isoladas.
Contando com cerca de 350 participantes entre médicos, farmacólogos, químicos, nutricionistas, botânicos e outros profissionais desse terreno tão multidisciplinar, o evento teve uma forte participação brasileira. Acabamos contemplados com o próximo congresso, a ser realizado em Foz do Iguaçu, em 2012. Isso vem ao encontro com a nova Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Ministério da Saúde, que pretende incorporar algumas medicinas complementares como a fitoterapia no atendimento das unidades públicas de saúde nos próximos cinco anos.
Na Europa há também um movimento de incorporação da fitoterapia no atendimento hospitalar em função do seu custo reduzido, da sua melhor aceitação pelos pacientes e a baixa incidência de eventos adversos. Com todo esse material sendo produzido, esperamos que o estudo mais aprofundado de plantas medicinais seja incorporado nas universidades e que médicos das unidades de saúde sejam treinados para seu uso, em nosso país.
Alex Botsaris é especializado
em doenças infecciosas pelo Hospital Claude Bernard, de Paris, e em acupuntura e medicina chinesa pela Sociedade Internacional de Acupuntura, na França, e pela Universidade de Pequim, na China.