Da indisciplina à ausência de craques: o que mudou em 4 anos no Brasil
Israel Stroh, Portal Terra
DA REDAÇÃO -
Quem era de confiança do torcedor saiu em baixa: Ronaldo, Adriano, Cafu, Émerson e Roberto Carlos, até então absolutos na Seleção Brasileira, já não agradavam mais. A opinião pública dizia que o técnico Carlos Alberto Parreira não controlava os craques. Era época de mudanças e, a primeira, foi a mais polêmica: Dunga era o novo treinador.
O antigo volante já levantara a taça de campeão mundial em 94, também já fora eleito o culpado pela derrota em 90, mas era nele em quem a CBF confiava para colocar ordem na Seleção e descobrir novos "convocáveis". Assim que chegou, deixou estrelas de fora. Alguns, como Kaká e Adriano, conseguiram voltar; Ronaldinho apareceu nas primeiras convocações e mais tarde foi excluído, assim como Ronaldo, que nem chegou a ser lembrado no período.
No entanto, foi no começo da "Era Dunga" que a nova Seleção ganhou cara. Luís Fabiano, Elano, Júlio César e Maicon ganharam a posição cedo. Depois Kaká a recuperou, assim como Robinho, enquanto outros, como Daniel Carvalho, teve passagem curta. Se o sucesso daquele futebol era desconfiável, os resultados diziam o contrário.
Os novos convocados queriam mostrar serviço e não faltou disposição. Bons amistosos e até uma goleada sobre a Argentina empolgavam. A primeira derrota foi só em fevereiro de 2007, para Portugal, também a única daquele ano.
O título da Copa América e da Copa das Confederações animavam pelas vitórias, mas o torcedor sentia falta de algo, para ele fundamental: a magia do futebol brasileiro. Ronaldo estava fora de forma, assim como Adriano, que acumulava problemas de indisciplina. Ronaldinho demorou para mostrar bom futebol e não convenceu Dunga, que por sua vez, não confiou nas promessas santistas Neymar e Paulo Henrique Ganso. As novidades na Seleção foram apenas Felipe Melo e Michel Bastos.
Ao contrário do time de 2006, faltou o brilho que a torcida estava acostumada. Também ao contrário daquele fracasso, sobrou dedicação e espírito de equipe. No entanto, os dois extremos tiveram o mesmo fim: eliminação nas quartas de final.
Veja jogos que marcaram a mudança de geração entre 2006 e 2010:
Brasil 0 x 1 França
Eliminação na Copa de 2006, na Alemanha
Time: Dida, Cafu, Lúcio, Juan e Roberto Carlos; Gilberto Silva, Zé Roberto, Juninho Pernambucano e Kaká; Ronaldinho e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Brasil 1 x 1 Noruega
Primeiro jogo após a Copa do Mundo
Time: Gomes, Cicinho (Maicon), Lúcio, Juan (Alex) e Gilberto; Edmílson (Dudu Cearense) Gilberto Silva, Elano (Júlio Baptista) e Daniel Carvalho (Vagner Love); Robinho e Fred. Técnico: Dunga
Brasil 2 x 1 Coreia do Norte
Estreia na Copa do Mundo da África do Sul
Time: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká; Robinho e Luís Fabiano. Técnico: Dunga