Transporte é maior legado da Copa para a África do Sul
Agência Brasil
JOHANNESBURGO - As melhorias no sistema de transporte são o legado mais evidente da Copa do Mundo de 2010 para a África do Sul. A reforma de estradas, a construção de aeroportos e a criação de uma rede de transporte coletivo prometem mudar a vida da população, que recebeu o primeiro Mundial sediado em um país do continente africano.
O setor de infraestrutura e transporte foi o que mais recebeu investimento governamental para a realização da Copa deste ano. Segundo o governo federal sul-africano, foram mais de 11,7 bilhões de rands (R$ 2,8 bilhões) aplicados em melhorias. Os resultados estão nas ruas.
Em Johannesburgo, principal cidade-sede do Mundial, os habitantes já comentam as mudanças. Apesar de ainda sofrerem com os congestionamentos diários e a ineficiência do transporte público dominado por vans, eles comemoram a construção de obras para o torneio.
Vou gastar três vezes menos tempo até a minha casa , disse Amelie Sadone, passageira do trem que liga o centro de Joanesburgo ao Aeroporto Internacional OR Tambo.
Aberto ao público três dias antes do primeiro jogo da Copa, o trem percorre 35 quilômetros em 15 minutos. Promete também ser a forma mais confortável e moderna para os que chegam a Johannesburgo ou deixam a cidade pelo seu maior aeroporto.
Para os que pretendem se locomover dentro da cidade, a criação de linhas de ônibus que circulam em faixas exclusivas de avenidas é a obra considerada mais benéfica. Os veículos chamados de Rea Vaya conectam bairros da periferia, como o Soweto, com os principais locais onde foram realizados jogos da Copa.
Agora, depois do Mundial, serão os responsáveis por levar os moradores de regiões mais distantes ao centro de Johannesburgo e farão isso cobrando menos do que as vans. Uma viagem de Soweto até o centro pelo Rea Vaya custa 6 rands (R$ 1,40), enquanto a mesma viagem de van custa 7,50 rands (R$ 1,75).
O ônibus demora mais, mas é mais barato e confortável , disse a jovem Nomthadazo Akin, uma das novas usuárias do sistema. Com certeza, depois da Copa, continuarei usando o ônibus .
Sistemas semelhantes ao de Johannesburgo foram implementados também em Pretória e Port Elizabeth. Na Cidade do Cabo, além de receber 300 novos ônibus, o sistema de transporte coletivo ganhou faixas exclusivas para circulação desses veículos.
Já Durban ganhou novas estações de trem, enquanto Polokwane, Bloemfontein e Rustenburg tiveram terminais de ônibus e vans reformados para a Copa.
O professor universitário e coautor de um livro sobre a Copa do Mundo da África do Sul, Udesh Pillay, confirma as melhorias. Apesar de considerar que o Mundial, de forma geral, contribui pouco para o país que o sedia, ele diz que a infraestrutura de transporte é exceção à regra.
As estradas, o sistema de transporte público, os aeroportos, isso melhorou muito , disse ele. A Copa fez com que obras que deveriam ser feitas há muito tempo fossem iniciadas e concluídas.