Abandonado, Campo Grande representa tradição de trios em Salvador
É pelas ruas estreitas do centro de Salvador que flui o circuito Campo Grande, o mais antigo da cidade. Foi por ele que passaram ícones da Axé Music no Carnaval, como Luiz Caldas, Sarajane, e Daniela Mercury, que mostra toda sua energia até hoje. Mas se para alguns passar por prédios antigos exalta a tradição da cidade, para outros o traçado é sinônimo de abandono e violência.
“Quem é de Salvador não tem como não vir. É a história da Bahia, que a gente não pode apagar”, diz a soteropolitana Ana Paula Godinho, ponderando que o badalado circuito Barra-Ondina, à beira do mar, tem uma estrutura melhor.
O Campo Grande é o circuito preferido da também baiana Daniela Becattini. Ela avalia que mesmo nas ruas mais estreitas, o circuito valoriza o público que sai nos blocos. “Para o folião é melhor, porque não tem tanto camarote. No Barra-Ondina eles param muito nos camarotes e dão menos atenção ao bloco”, afirma.
Novato da folia de Salvador, o cearense Paulo Marinho diz ter escolhido o bloco Coruja, de Ivete Sangalo, no Campo Grande, por interesse no circuito. “Para mim, tradição é fundamental. Fiz questão de vir aqui e em outro bloco do Barra-Ondina”, conta.
Para outros turistas, no entanto, não há glamour nenhum no traçado de Carnaval mais antigo da cidade. “Acho ele bem caído, na verdade. Só comprei aqui para conciliar os abadás”, afirma Mirelle Campos, do Rio de Janeiro.
Quando for fazer o balanço geral do Carnaval, na quarta-feira de cinzas, o prefeito de Salvador, ACM Neto, promete anunciar ações para revitalizar o circuito Campo Grande.