Mudança climática pode 'roubar' até 6 meses de vida, diz estudo

Mulheres e países em desenvolvimento são mais afetados

Por JORNAL DO BRASIL

Chuva no Rio de Janeiro

As mudanças climáticas podem “roubar” de uma pessoa até seis meses de vida, atingindo especialmente mulheres e habitantes de países em desenvolvimento.

A conclusão é de um estudo publicado na revista Plos Climate por Amit Roy, docente de Economia e Políticas Públicas da New School For Social Research de New York.

O aumento das temperaturas e as chuvas anômalas que acompanham as mudanças climáticas podem influenciar a saúde pública de diversas formas: seja diretamente, causando, por exemplo, ondas de calor e inundações; seja indiretamente, aumentando o risco de doenças respiratórias e mesmo mentais.

Consequências similares são facilmente observáveis e documentáveis, mas ainda faltam estudos que demonstrem de maneira clara a existência de uma ligação direta entre mudança climática e expectativa de vida.

Para preencher essa lacuna, Amit Roy analisou dados coletados em 191 países ao redor do mundo entre 1940 e 2020: ele avaliou especialmente as temperaturas médias, as precipitações e a expectativa de vida, utilizando o valor do produto interno bruto per capita para levar em consideração as diferenças de país para país.

Além de avaliar o impacto das temperaturas e das precipitações, o estudioso também desenvolveu um índice composto que combina as duas variáveis para descrever a gravidade das mudanças climáticas.

Os resultados indicam que um aumento de um grau na temperatura global está associado a uma redução na expectativa de vida de cinco meses e uma semana.

Um aumento de dez pontos no índice composto que descreve a mudança climática (levando em consideração tanto as temperaturas quanto as precipitações) está, por outro lado, associado a uma redução de seis meses na expectativa de vida.

"A ameaça global representada pelas mudanças climáticas ao bem-estar de bilhões de pessoas destaca a urgente necessidade de abordá-la como uma crise de saúde pública", comentou Roy, enfatizando que os esforços de mitigação para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as medidas proativas são essenciais para preservar a expectativa de vida e proteger a saúde das populações em todo o mundo. (com Ansa)