Gabriela Lopes, brasileira graduada em Neurociência nos EUA, contribui para estudo inovador do NIH voltado para comunidades vulneráveis de Miami

Por JB CIÊNCIA

Gabriela Lopes

Gabriela Lopes, que se formou em Neurociência Comportamental (Behavioral Neuroscience) pela Nova Southeastern University, está desempenhando um papel crucial como coordenadora de Pesquisa Clínica em um estudo financiado pelo National Institutes of Health (NIH) nos Estados Unidos. Este projeto tem como objetivo não apenas melhorar o acesso à saúde, mas também fortalecer a prevenção do HIV nas comunidades vulneráveis de Miami, Flórida.

O estudo se concentra em otimizar a saúde física e mental dos residentes, aumentar o acesso a testes de HIV e fornecer educação sobre PrEP em comunidades vulneráveis em Miami. Com um financiamento superior a cinco milhões de dólares, a pesquisa visa alcançar cerca de 20.400 residentes, promovendo um impacto significativo na conscientização sobre o HIV.

Abordar o HIV em comunidades vulneráveis é essencial para derrubar barreiras ao acesso à saúde, garantir que as pessoas sejam testadas e tratadas de maneira adequada e reduzir a transmissão do vírus. O Departamento de Estado dos EUA ressalta que o HIV/Aids representa uma ameaça contínua à saúde global e ao desenvolvimento econômico. Além disso, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) estabelece que os Estados Unidos têm como meta eliminar o HIV como uma ameaça à saúde pública global até 2030, reforçando a urgência deste trabalho.

No Brasil, a situação do HIV também é preocupante. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022, foram registrados 10.994 óbitos com HIV ou AIDS como causa básica. Desses, 61,7% ocorreram entre pessoas negras e 35,6% entre brancos, conforme o novo Boletim Epidemiológico sobre HIV/Aids apresentado pelo Ministério. Além disso, entre os casos de infecção pelo HIV notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 29,9% ocorreram entre brancos e 62,8% entre negros.

Esses dados reforçam a necessidade de considerar os determinantes sociais para respostas efetivas à infecção e à doença, além de incluir populações-chave e prioritárias que têm sido negligenciadas pelas políticas públicas nos últimos anos. O estudo em que Gabriela Lopes atua como coordenadora de pesquisa clínica foca principalmente na população negra de Miami, EUA, refletindo uma realidade semelhante, onde pessoas negras representam uma proporção significativamente maior dos diagnósticos de HIV (39%), das pessoas vivendo com HIV (40%) e das mortes entre pessoas com HIV (43%) em comparação a qualquer outro grupo racial/étnico.

A prevalência é também especialmente alta entre populações vulneráveis, como pessoas que usam drogas injetáveis. O Brasil possui uma das maiores epidemias de HIV do mundo, mas também um sistema robusto de tratamento e prevenção, com a oferta de antirretrovirais disponíveis para todos que necessitam, de acordo com o Ministério da Saúde.

Os principais componentes do estudo coordenado por Gabriela incluem:

Coleta Abrangente de Dados: São coletados dados detalhados sobre a acessibilidade à saúde, condições de saúde mental e fatores socioeconômicos, permitindo uma análise mais profunda das necessidades das comunidades.

Unidades de Saúde Móvel: Equipes de saúde oferecem atendimento e testes de HIV diretamente nas comunidades, facilitando o acesso aos serviços de saúde.

Vales: Participantes do estudo recebem vales com valor monetário que podem ser trocados em negócios locais, estimulando a economia da comunidade e incentivando a participação.

Recentemente, Gabriela Lopes comentou sobre a importância deste projeto inovador: "Estou animada por fazer parte de um estudo que não apenas melhora o acesso à saúde, mas também empodera as comunidades vulneráveis de Miami. É fundamental que suas vozes e necessidades sejam ouvidas. Ao colaborar com empresas locais e organizações públicas, estamos construindo um modelo sustentável de soluções de saúde que realmente atendem às necessidades da comunidade."

É crucial que estudos como o de Gabriela sejam realizados no Brasil, pois muitas comunidades enfrentam desafios semelhantes no acesso à saúde. Iniciativas que promovem a conscientização sobre o HIV e facilitam o acesso ao PrEP podem ser decisivas para a prevenção, empoderando populações vulneráveis e garantindo que suas necessidades sejam atendidas.

Com uma sólida formação em pesquisa clínica, neurociência comportamental e serviços de saúde mental, Lopes traz uma vasta experiência ao projeto. Em um papel anterior, ela gerenciou o cuidado de uma rede de mais de 70 mil pacientes em um prestador de serviços de saúde mental, onde desenvolveu e implementou programas voltados para a melhoria do bem-estar mental de pessoas com doenças crônicas, como diabetes, HIV e câncer, além de atender pessoas com depressão, ansiedade e síndrome do pânico.

Para mais informações, entre em contato:

Gabriela Lopes, B.Sc.

E-mail: gabrieladalmeidalopes@hotmail.com

LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/gabrieladalmeida/

Referências

Departamento de Estado dos EUA: Eliminando o HIV/AIDS como uma Ameaça à Saúde Pública até 2030.
Centers for Disease Control and Prevention (CDC): Sinais Vitais: HIV Global.
Ministério da Saúde, Brasil. "Brasil registra queda de óbitos por AIDS, mas doença ainda mata mais pessoas negras do que brancas." 2023.
Kaiser Family Foundation. "The Impact of HIV on Black People in the United States." 2023.