ONU premia ativista por sua luta contra mudança climática

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Agência EFE

NAÇÕES UNIDAS - A ativista do povo inuit Sheila Watt-Cloutier recebeu nesta quarta-feira o Prêmio ao Desenvolvimento Humano da ONU por suas duas décadas de campanha contra a mudança climática, cujos efeitos ameaçam devastar sua comunidade natal na região ártica do Canadá.

O prêmio foi entregue pelo secretário-geral, Ban Ki-moon, em cerimônia na sede da instituição, pela trajetória da ativista indígena de 53 anos, cuja voz foi uma das primeiras a alertar o impacto dos gases do efeito estufa no planeta.

Watt-Clousier considerou que prêmios como o de hoje e sua nomeação ao Prêmio Nobel 2007 junto com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, são sinais de que o alerta lançado pelas comunidades indígenas do Ártico chegou a seu destinatário.

- É o que me agrada receber este prêmio, e os outros que me deram nos últimos dois anos. Isso é muito gratificante para mim e me dá esperanças, é um sinal que nossa mensagem se fez sentir no mundo todo - comentou à agência Efe antes da cerimônia.

Os primeiros sinais de que algo estava indo mal em sua terra começaram a ser notados há duas décadas, Nunavik, situada no norte do Québec, explicou.

O gelo aparecia cada ano mais tarde, e se derretia mais cedo, o que alterava o acesso aos campos de caça e restringia as comunicações com outros povoados.

- Somos uma cultura caçadora que se fundamenta no gelo, a neve e o frio, e no momento em que as primeiras mudanças apareceram nossos caçadores notaram. Isso faz uns 20 anos, mas nos últimos cinco os efeitos se agravaram - explicou.

Em 2002 ela foi escolhida presidente da Conferência Circumpolar dos Inuit, que reúne as comunidades esquimós do Canadá, Alasca, Groenlândia e Rússia.

Desde esse cargo, três anos depois processou na Comissão Interamericana de Direitos Humanos os Estados Unidos pelos danos que a poluição causa a sua cultura, que alguns especialistas considera a possibilidade de se extinguir se persistir o aquecimento global.

- Para mim este não é um problema simplesmente ecológico, é um problema cultural, de saúde, algo muito real que afeta nosso bem-estar como povo - acrescentou.