Cientistas detectam água na atmosfera de um exoplaneta

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Agência EFE

MADRI - Um grupo internacional de cientistas detectou vapor d'água na atmosfera de um exoplanetas (planetas externos ao sistema solar) e que está há cerca de 60 anos luz da Terra, disse hoje Ignasi Ribas, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta.

Este físico, membro do Instituto de Ciências do Espaço (CSIC) de Barcelona (nordeste da Espanha) e do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha (IEEC), explicou à agência Efe que já se suspeitava que nos exoplanetas havia água, mas é a primeira vez que sua existência é comprovada com evidências científicas.

O estudo foi publicado no último número da revista 'Nature' e sua principal autora é Giovanna Tinetti, da Agência Espacial Européia (ESA).

Além disso, participaram do trabalho pesquisadores da Universidade de Harvard (Estados Unidos), e de entidades científicas de países como a França, Taiwan e Reino Unido.

Segundo Ribas, 'é a primeira vez que se detecta vapor de água em um exoplaneta, e além disso, em grandes quantidades', tal como pôde ser observado com o telescópio espacial infravermelho 'Spitzer'.

A descoberta, disse, 'não se trata unicamente de vestígios de água, mas a molécula de água é o composto dominante na atmosfera'.

Este exoplaneta, batizado como HD 189733b, está há cerca de 60 anos luz da Terra, com o que, explicou, se trata de um corpo "vizinho'.

A vantagem oferecida por este exoplaneta para seu estudo é que, devido à inclinação de sua órbita, ele transita na frente de sua estrela, com uma conseqüente diminuição do brilho ao ser observado da Terra.

Além disso, a relação de tamanhos entre o planeta e a estrela é muito propícia, de modo que a diminuição é notável.

Até o momento, continuou, para tentar detectar água tinha sido usado a ocultação do planeta por parte da estrela para estudar a emissão na região infra-vermelha do espectro.

Mas, para surpresa dos cientistas, as pesquisas não tiveram sucesso.

Neste trabalho, os pesquisadores realizaram suas observações 'ao contrário', ou seja, quando o planeta transitava diante da estrela.

Assim, comprovaram que o tamanho do planeta é ligeiramente diferente em comprimentos de onda diferentes, também no infravermelho.

As diferenças de tamanho observadas se correspondem perfeitamente com uma maior ou menor absorção por parte da molécula de água, e isto sugere que o vapor d'água está presente na atmosfera.