Privacidade: escândalo faz alemães pedirem leis rígidas

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REUTERS

ALEMANHA - Políticos alemães pediram leis mais rígidas de defesa da privacidade depois que autoridades revelaram que informações pessoais e financeiras sobre milhões de cidadãos alemães estavam facilmente acessíveis, por dinheiro, na Internet.

O escândalo em torno do comércio ilegal de dados sobre contas bancárias e telefônicas surgiu meses depois que casos de escutas clandestinas em algumas grandes empresas alemães causaram alarme.

- Os escândalos quanto a informações pessoais infelizmente enfatizam a urgência desta questão - disse o parlamentar Sebastian Edathy, do Partido Social-Democrata (PSD), que governa em coalizão com os democratas cristãos (CDU) da primeira-ministra, Angela Merkel.

- O Parlamento precisa... encontrar uma resposta rápida para esses casos gritantes de abuso - disse Edathy, presidente do Comitê de Assuntos Internos do Parlamento, ao jornal Neue Osnabruecker.

Ele anunciou que convocaria uma reunião de parlamentares e especialistas a fim de avaliar leis mais rígidas de proteção de dados, depois do recesso de verão.

A proteção aos dados e à privacidade são questões sensíveis em um país que sofre com as memórias de espionagem interna pela Gestapo nazista e pela Stasi, a polícia secreta da era comunista na Alemanha Oriental.

O novo debate foi deflagrado por informações de que um funcionário de uma central de atendimento telefônico alertou as autoridades quanto a um problema nas práticas de coleta de dados de sua empresa, entregando mais de 17 mil endereços e detalhes de contas bancárias ao serviço de proteção à privacidade do Estado alemão de Schleswig-Holstein, no norte do país.

Os promotores públicos iniciaram uma investigação. Na segunda-feira, as autoridades de proteção à privacidade disseram que haviam conseguido adquirir seis milhões de itens de informação pessoal, incluindo detalhes bancários e telefônicos, em uma operação de infiltração na Internet, pagando 850 euros.