Células-tronco podem curar a surdez, mostra pesquisa
Ben Hirschler, REUTERS
LONDRES - As células-tronco podem ajudar pessoas surdas a recuperar a audição, segundo uma pesquisa britânica ainda em estágio inicial. Uma equipe da Universidade de Sheffield anunciou nesta quinta-feira a descoberta de como fazer as células-tronco se comportarem como células sensoriais ciliadas, ou neurônios auditivos, que poderiam então ser cirurgicamente implantadas no ouvido para restaurar a audição perdida.
O pesquisador Marcelo Rivolta disse que essa abordagem, que está sendo testada em animais, tem um potencial significativo, mas ainda falta muito para ser oferecido a pacientes.
- Vai levar vários anos antes que estejamos em condição de começar a fazer testes em humanos - disse ele por telefone.
As células que captam os sons só podem ser criadas no ventre, o que significa que não há como restaurá-las quando danificadas, o que resulta em perda permanente da audição.
Mas essa situação pode ser dramaticamente alterada pelo uso das células-tronco - 'manuais de instrução' capazes de dar origem a qualquer tecido ou órgão do corpo - para gerar esse tipo de célula em laboratório.
A pesquisa segue os passos de um outro grupo britânico que, num trabalho mais avançado no campo oftalmológico, pretende realizar em 2010 ou 2011 os primeiros testes clínicos com células-tronco para o tratamento da degeneração macular, uma causa frequente da cegueira em idosos.
Os médicos esperam no futuro usar as células-tronco para tratar diversas doenças, como o mal de Parkinson, a diabete e o câncer. Mas abordagens localizadas para os olhos ou ouvidos podem ser um promissor primeiro passo, já que há menos células envolvidas.
Rivolta e seus colegas usaram células-tronco fetais, embora também estejam investigando o potencial de células-tronco embrionárias e adultas.
Estudos em laboratório mostram que as novas células derivadas do tecido fetal se comportaram e funcionaram como as células normais em ouvidos em desenvolvimento.
- Esta pesquisa é incrivelmente promissora e abre possibilidades excitantes ao nos deixar mais próximos de restaurar a audição no futuro - afirmou Ralph Holme, diretor de pesquisas biomédicas do Real Instituto Nacional para os Surdos da Grã-Bretanha, que participou do financiamento da pesquisa.
Detalhes da pesquisa foram publicados na revista Stem Cells e devem ser apresentados na semana que vem numa conferência em Oxford.