Sem internet a cabo, consumidores usam smartphones após Irene

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Após o furacão Irene, milhares de moradores do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, ficaram sem luz. Mas o que surpreendeu muitos residentes, de acordo com o Boston Globe, foi que mesmo com o reestabelecimento da energia elétrica os serviços de internet a cabo continuavam fora do ar. Mais do que isso, clientes de pacotes "combo" perderam também os canais de televisão pagos e o sinal no telefone fixo. Para se comunicar e obter informações sobre o andamento das restaurações por parte das fornecedoras, restou aos clientes usar os smartphones e suas conexões 3G.

Para conseguir informações sobre os trabalhos das empresas, a engenheira de software Soraya Stevens foi até o Twitter. "Se não fosse meu smartphone, eu não teria a menor ideia do que estava acontecendo", disse ao jornal norte-americano. Johanna Kelly, administradora de uma escola infantil, optou por ligar para o marido, que mora em outra cidade, e pedir para ele procurar as informações sobre os serviços de luz e internet.

Ao contrário das fornecedoras de luz - que por lei precisam manter contato constante com os clientes e informá-los sobre perspectivas de reestabelecimento da energia -, as empresas de conexão não foram tão proativas na comunicação com os consumidores. Comcast e Verizon, as maiores provedoras de internet do estado norte-americano com 1,6 milhão e 280 mil clientes, não divulgaram o número de pessoas que tiveram os serviços interrompidos após o Irene, nem informaram quando tudo voltará à normalidade. "Estamos nos comunicando constantemente com as empresas de energia elétrica, e acompanhando os trabalhos de recuperação deles, para que a conexão dos nossos clientes volte pouco tempo depois de a luz volta", afirma o porta-voz da Comcast, Doreen Vigue.

Por e-mail, o porta-voz da Verizon, Phil Santoro, afirma que a rede de cabos da fornecedora não foi danificada pela tempestade, mas que alguns postes e postos de administração sofreram danos por causa dos ventos fortes e da chuva de granizo. "Nossa equipe está verificando os estragos e realizando consertos, e nossos esforços serão ainda mais eficientes quanto mais as estradas forem sendo liberadas e as companhias de energia elétrica reestabeleçam seus serviços", afirmou.

A dependência da conexão com a energia elétrica é, de certa forma, questionada por outra provedora. O vice-presidente sênior de operações da RCN Corp, Chris Fenger, afirma que "em 90% a 95% dos casos, a internet volta junto com a luz". De acordo com o executivo, ainda havia 1,5 mil consumidores sem conexão na terça-feira, contra 4 mil offline registrados na segunda - a base de clientes da empresa é de 75 mil pessoas.

Boston Globe entrevistou especialista em direitos do consumidor Edgar Dworsky, que afirma que os clientes podem conseguir reembolso pelos dias em que o serviço de internet estiver fora do ar. O advogado diz que a devolução do dinheiro provavelmente seria através de créditos na fatura seguinte. "Vamos analisar pedidos de reembolso caso a caso", afirma Vigue, da Comcast. Verizon e RCN também manifestaram estudar a forma de recompensar os dias sem conexão dos usuários.