Hospital São Lucas investe em inclusão social de deficientes auditivos
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) calculam que no mundo existem 610 milhões de pessoas com deficiências, das quais 386 milhões (63,3%) fazem parte da população economicamente ativa. Já os dados do último Censo revelam que o Brasil é composto por cerca de 24,6 milhões de pessoas com deficiência (PCD) visual, auditiva, física ou múltipla, o que equivale a 14,5% da população brasileira. O grande desafio, porém, é a prática da responsabilidade e da inclusão social dessas pessoas no mercado de trabalho.
As empresas enfrentam certa dificuldade na contratação, na implantação e no gerenciamento de pessoas com deficiência (PCD)?, quando procuram se adaptar aos moldes previstos em lei. A supervisora de Recursos Humanos do Hospital São Lucas - da Rede Ímpar de hospitais no Rio de Janeiro, que inclui também o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), e o Hospital de Clínicas Padre Miguel - Audrey Falleiro, explica: "Empregabilidade não é tão somente empregar pessoas portadoras de necessidades especiais, mas abrange ações de inclusão e permanência mais efetiva desses profissionais no mercado de trabalho, com perspectivas de desenvolvimento e ascensão profissional".
E foi assim, partindo dessa premissa, que Audrey encontrou um caminho para incluir de forma efetiva nove colaboradores com deficiência auditiva ?no ambiente corporativo, no caso, como auxiliares administrativos. A iniciativa tomada foi oferecer aos demais colaboradores um curso de Libras duas vezes por semana, com carga horária de três horas semanais, durante quatro meses, no próprio hospital.
De acordo com a gerente de RH da Rede Ímpar, Anna Claudia Junqueira, a aceitação dos colaboradores do São Lucas aos deficientes auditivos foi surpreendente: "já abrimos mais novas turmas e ainda tem lista de espera. Alguns colaboradores também buscam aprender libras para poder atender melhor os clientes com deficiência auditiva, pois relatam que na região são muitos que procuram a unidade para atendimento".
Aundrey complementa: "em geral, a interação deles no dia a dia junto aos colegas de trabalho é muito boa. Se fazem entender e são compreendidos. Mas acreditamos que se os demais colaboradores aprenderem a se comunicar da mesma forma que eles, essa inclusão social será ainda mais efetiva no ambiente de trabalho".
Quanto à postura desses profissionais no trabalho, Audrey destaca que são extremamente concentrados, dificilmente se dispersam, o que aumenta a produtividade, e realizam o trabalho de forma eficiente.
Audrey acredita também que um relacionamento saudável deve começar pela forma de tratamento: "Essas pessoas preferem ser vistas como cidadãos/cidadãs adaptados. Há a expectativa de serem tratadas com naturalidade, sem discriminação, para que se sintam inseridas na sociedade. O tratamento deve se diferenciar apenas como forma de contemplar as necessidades específicas da necessidade especial, e não reduzir sua capacidade de inserção."