Ebola nos EUA e possíveis mutações assustam comunidade internacional
Especialista diz que se a doença não for contida com mais rapidez, é possível que haja mutações
Duas novas informações sobre o ebola vêm assustando a comunidade internacional em relação à doença. A primeira novidade é a identificação do primeiro contaminado pelo vírus em solo norte-americano. A segunda foi o pronunciamento feito pelo chefe da missão da ONU para o ebola, Anthony Banbury, na última quinta-feira de que existe a possibilidade de o vírus sofrer uma mutação e passar a se espalhar por vias aéreas. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (1), o número de vítimas fatais da atual epidemia que assola a África Ocidental chegou a 3.338. Até o dia 28 de setembro, 7.178 casos da infecção já foram identificados.
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O primeiro caso de ebola diagnosticado dentro dos Estados Unidos foi anunciado na última terça-feira. O caso aconteceu em Dallas, no estado do Texas, e liberiano Thomas Eric Duncan teria viajado da Libéria para os Estados Unidos no dia 19 de setembro. Na época, o paciente ainda não estava apresentando sintomas e a doença só se manifestou quase uma semana após a chegada dele no país norte-americano. O paciente teria procurado ajuda médica no dia 26, sido isolado dois dias depois e estaria internado em estado grave no Hospital Texas Health Presbyterian.
Nesta quinta-feira, inclusive, as autoridades de saúde do Texas divulgaram que ao menos 100 pessoas estiveram de alguma forma em contato com esse paciente infectado. Além disso, como medida preventiva, quatro integrantes da família de Thomas Eric Duncan estariam desde já em quarentena dentro da própria residência.
Sobre a saída do vírus da Libéria, o governo da Libéria disse que medidas de triagem rigorosas foram implementadas para evitar que o ebola se espalhasse através da ponte aérea e reforçou que o liberiano não apresentava sinais da doença no momento em que deixou o país. De acordo com o ministro da Informação da Libéria, Lewis Brown, o caso é um sinal de alerta para a comunidade internacional. “O que esse incidente aponta é essa dimensão internacional muito clara em relação à crise de ebola. Durante meses, o governo da Libéria enfatiza que essa doença não é um problema simplesmente da Libéria ou restrito à África Ocidental”, afirmou.
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De acordo com as orientações dos órgãos internacionais de saúde, o ebola se transmite somente através do contato direto com fluidos corporais de uma pacientes infectados pela doença e que já estejam apresentando os sintomas. Contudo, de acordo com uma entrevista feita nesta quinta-feira com o chefe da missão da ONU para o ebola, Anthony Banbury, existe a possibilidade de o vírus letal sofrer uma mutação e passar a ter transmissão por via aérea – caso a doença não seja controlada de forma mais rápida.
O especialista explicou que se a transmissão passar a acontecer também através das vias respiratórias, o controle do vírus e da epidemia será ainda mais complicado. “Quanto mais tempo o vírus permanece em hospedeiros humanos, nesse caldeirão virulento que é a África Ocidental, mais chances existem de que aconteça alguma de mutação”, declarou.
Especialistas já haviam alertado ao JB a possibilidade de o vírus estar sofrendo mutações. De acordo com infectologistas, nos primeiros casos de ebola, identificados nos anos 1970, o período de incubação do vírus seria muito menor e os casos chegavam a óbito em dois ou três dias. Contudo, neste ano, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência de saúde norte-americana, estimou em até 21 dias o período de encubação do ebola.
*Do programa de estágio do JB