Com dados incertos, comitê da OMS analisa hoje zika vírus

Entidade estuda a propagação da doença e se há risco mundial

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O comitê de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) se reúne nesta segunda-feira (1), em Genebra, para analisar a propagação do zika vírus e sua possível relação com os casos de microcefalia fetal (má formação cerebral). A entidade decidirá se declara ou não uma emergência em saúde pública internacional, como ocorreu recentemente com o ebola na África.

    Durante sessão do conselho da organização na semana passada, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que o vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, deve se propagar de maneira "explosiva", principalmente na América. A previsão é de que até quatro milhões de pessoas contraiam o vírus no continente.

    Até o momento, mais de 20 países e territórios na América já confirmaram casos do vírus: Barbados, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guadalupe, Guatemala, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Ilhas Virgens, Martinica, México, Panamá, Porto Rico, Paraguai, República Dominicana, St. Maarten, Suriname e Venezuela. O Brasil lidera o número de casos de zika e de microcefalia.

    Apesar das autoridades não terem um dado específico de infecções do vírus, acredita-se que entre 500 mil e 1,5 milhão de pessoas possam ter contraído a doença no país no último ano. Já os diagnósticos de microcefalia chegaram a 4,1 mil em janeiro. A Colômbia aparece em segundo lugar, com 20 mil casos de zika, sendo que 1,9 mil correspondem a mulheres grávidas. Segundo o Ministério da Saúde, o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis da pasta, Cláudio Maierovitch, apresentará os dados brasileiros por videoconferência na reunião de Genebra. O comitê de emergência foi criado depois que os Estados Unidos emitiram um alerta para que gestantes não viajassem a países onde circula o vírus e que vários governos aconselharam mulheres a não engravidar. Além das nações americanas, países na Europa e até os Estados Unidos já registraram casos de infecção de zika. A presidente Dilma Rousseff e o norte-americano Barack Obama conversaram na semana passada para tentarem incentivar os estudos para uma vacina contra o vírus, que atualmente não existe. 

O grupo farmacêutico Inovio anunciou recentemente o desenvolvimento de um protótipo que poderia se tornar uma vacina até o fim do ano. Os primeiros testes em humanos devem começar em agosto. De acordo com especialistas, o zika vírus representa uma prova tanto para a OMS quanto para os países latino-americanos em gestão de crise e resposta a epidemias. A entidade máxima de saúde chegou a ser criticada com sua demora em adotar medidas contra o ebola. Agora, o zika colocará em teste a eficiência da OMS e dos serviços públicos da América Latina em se articular contra uma ameaça sanitária. 

Entenda o zika vírus - O vírus da zika é transmitido por picadas do mosquito Aedes aegypt. Ele foi isolado pela primeira vez em 1947, em Uganda, em um macaco na floresta de Zika, mas somente em 1952 foi descrito como um vírus da mesma família dos causadores da febre amarela e da dengue.

    Os sintomas mais comuns são febre e exantema (erupção cutânea ou urticária), muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado.

    Diagnóstico- Ainda não há um teste específico para o diagnóstico do zika vírus. Os suspeitos de infecção devem apenas analisar se apresentam os sintomas. A forma mais eficiente de confirmação seria através de um exame sorológico que identificasse os anticorpos do zika, que permanecem no sangue da pessoa infectada. No entanto, este teste ainda está sendo desenvolvido por laboratórios.

    Estatísticas - Como os sintomas do zika são diversos e, às vezes, sem diagnóstico, é difícil estabelecer o número exato de pessoas contaminadas. Além disso, as autoridades ainda estudam a possível relação do vírus com os casos de microcefalia. Nem todas as mães de bebês que nasceram com má formação cerebral tiveram contato com o zika durante a gestação, já que esta anomalia também pode ser causada por sífilis, rubéola e toxoplasmose. Gravidez- As grávidas têm o mesmo risco que o resto da população de serem infectadas com o vírus zika. Muitas delas podem não saber que têm o vírus, por não terem apresentado sintomas. Apenas uma em cada quatro pessoas tem sintomas de infecção por zika e, entre as que são afetadas, a doença é geralmente leve. (ANSA)