A recuperação das cidades e a necessária reurbanização
As associações comerciais têm uma responsabilidade muito grande na recondução do Rio de Janeiro, a sua legítima posição de importante concentrador de negócios do Brasil
O Rio de Janeiro passou por dois importantes momentos históricos, o primeiro com Pereira Passos, o segundo com Eduardo Paes.
Nos anos em que foi cidade-Estado, Guanabara, 1960-1970, teve resolvido o problema da água com Carlos Lacerda, finalizado o Parque do Flamengo, e depois com Negrão de Lima, os acessos à Barra da Tijuca, o alargamento da Avenida Atlântica e a remoção das favelas do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Com Francisco Pereira Passos (1902-1906), a reurbanização ficou conhecida como o “bota-abaixo”, quando reformas urbanísticas profundas foram implementadas e com celeridade. Naquele momento, o Rio de Janeiro era a principal cidade brasileira e era o Distrito Federal, porém havia graves problemas de infraestrutura. Não obstante, também era a esperança de oportunidades para várias pessoas que buscavam a chance de uma vida honesta e segura, com igualdade de condições. Assim, meu bisavô saiu da pequena Baronissi, na província de Salerno, na Itália, e depois de parar no Porto de Santos chegou ao Rio de Janeiro. Para todos estes imigrantes, a necessidade de moradias agravava a importância de melhorar a infraestrutura, mais um motivo para que o engenheiro Pereira Passos elaborasse um belo planejamento urbano e o implementasse.
Pereira Passos estudou e viveu anos antes em Paris, acompanhou neste período obras que tinham o objetivo de fazer da cidade uma cidade mais civilizada. Pereira Passos não queria mais que o Rio de Janeiro fosse identificado como uma cidade insalubre. Com a implementação desta importante obra, vias foram alargadas, morros desmontados e até mesmo lojas e indústrias precisaram ser realocadas. Naquele momento, a Associação Comercial do Rio de Janeiro teve especial importância. O entendimento era de que as reformas causavam uma desordem social que abalaria a economia com realocação de moradores e fechamento de várias casas de comércio. A ACRJ tinha mais de 1.000 associados e uma voz ativa, a principal voz do empresariado brasileiro.
Eduardo Paes refez este caminho com grande eficiência, e igualmente a Pereira Passos foi a fundo em reformas estruturantes, porem não houve tempo e a necessária interlocução para que as reformas trouxessem o resultado econômico que o Rio de Janeiro há tanto clama. Como representante da ACRJ, fiz parte da equipe que elaborou o planejamento da cidade olhando, pela segunda vez na história, 50 anos à frente. Este é um desafio que não pode deixar de contar com a forte adesão das forças vivas da cidade. E lembrar que o presidente e dois de seus filhos sempre foram eleitos na cidade.
O urbanismo é uma das verticais mais importantes, e já falamos sobre isso. A capacidade de resiliência e a forma de como percebemos a economia circular nos fará diferentes em uma economia cada vez mais competitiva.
Hoje o Rio de Janeiro clama pela continuidade das reformas urbanas e que estas comecem pelo centro. Vários prédios foram sendo desocupados nos últimos anos, e por conta de posturas municipais não podem ter alterado seu perfil de uso. Prédios como o da Caixa Econômica Federal que está em um terreno de aproximadamente 7.000m2 e com 22 andares, concebido há mais de 50 anos para ser a sede do banco, precisam encontrar uma nova destinação. Sabemos também que estas reformas devem ser muito bem articuladas e pensadas, junto com os representantes do empresariado fluminense, visto que só deste prédio sairão mais de 2.000 consumidores da economia local.
Sabemos também que pós-covid, nada mais será como antes. Vários prédios como este, com o passar dos anos, deixaram de lado a real importância da manutenção da qualidade do ar interior. Como assim? Ora, já falamos muito aqui de como ambientes climatizados podem mitigar contágio de doenças infectocontagiosas, e condicionadores como os splits não têm renovação de ar, nem tampouco filtragem conforme as normas determinam. Estes prédios precisam não só de uma legislação para possibilitar a readequação de uso, mas também necessitam somar ao retrofit a adequação dos sistemas de ar-condicionado para manutenção da biossegurança. O CNCR - Conselho Nacional de Climatização e Refrigeração lançou este mês seis guias de referência em biossegurança dos ambientes internos, um para cada tipo de local, clique abaixo de acordo com o perfil de interesse e saiba mais:
•Unidades de Ensino;
•Centros Comerciais, Lojas e Escritórios;
•Indústrias;
•Entretenimento, Eventos e Templos Religiosos;
•Hospedagem e Alimentação;
•Clínicas Estéticas, Atendimento Médico e Laboratoriais;
Este momento é de extrema importância e se faz necessária a participação de todos os líderes das associações comerciais, unindo-se em uma só voz. Precisamos apoiar o empresariado, auxiliando a Prefeitura na melhor e mais assertiva forma de implementar as reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro e nas demais da região metropolitana. Para tal, coloco a bicentenária ACRJ - Casa de Mauá - como palco para juntos trabalharmos no reposicionamento do Rio de Janeiro como um importante concentrador de negócios do Brasil.
Vamos juntos, fazer do Rio de Janeiro uma cidade realmente inteligente, porque tem muito dinheiro disponível, o que falta realmente são mentes e braços.
Quer contribuir de forma ativa no reposicionamento do Rio de Janeiro? Gosta do assunto e quer sugerir algum tema? Envie um e-mail.