CIDADES INTELIGENTES
Angra dos Reis, a estratificação do equilíbrio entre produção e meio ambiente
Publicado em 07/05/2021 às 11:55
Alterado em 05/07/2021 às 19:58
Com 207.000 habitantes e 30.000 novos postos de trabalho, duplicação da rodovia, nova marina de São Bento, novo parque Municipal, redução da pegada de carbono com a possibilidade da construção de uma usina de biogás, tendo o resíduo orgânico como insumo, e aumentando o PIB com a criação da ZPE – Zona de processamento de exportação, Angra dos Reis entra para o restrito hall de candidatas ao posto de Cidade Inteligente. Sabemos que uma cidade inteligente não se faz com wifi público e câmeras somente, tem muito mais, e Angra está neste caminho.
“Angra dos Reis se organiza para ser um exemplo de equilíbrio entre geração de renda e preservação ambiental”, afirma o prefeito Fernando Jordão. “Angra dos Reis está muito bem preparada e agora é a hora de colhermos os frutos”. Nesta quinta-feira (6), estaremos na Bolsa de Valores – [B]3 licitando a gestão do Fundo Imobiliário, gerando um patrimônio de investimentos de R$ 50 milhões, continua Fernando Jordão. “O município será cotista em empreendimentos, uma vez que pretendemos destinar espaços para fins comerciais, tais como um aquário, hotéis, dentre outros”, complementa André Pimenta, secretário de Planejamento e Gestão Estratégica.
Outro projeto estruturante é o da nova Marina de São Bento, ao lado do Porto de Angra. “Precisamos nos preparar para receber bem o turista, grande fonte de renda para Angra dos Reis”, afirma André Pimenta.
São inúmeros projetos que estão saindo do papel e se tornando realidade em uma cidade muito importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil, a nossa Cancun, modéstia à parte, com uma riqueza natural incomparável, nos próximos 3 anos poderá ser um exemplo de Cidade Inteligente. Os equipamentos da cidade estão projetados de forma inteligente, integrando a arquitetura e o urbanismo a uma forma de gestão moderna e perfeitamente integrada à natureza.
Hoje a menina dos olhos é a ZPE, Zona de Processamento de Exportação, um distrito industrial que traz as vantagens de uma zona franca a uma determinada área de um município. Para as empresas, as vantagens são as fiscais, onde há isenção de taxas federais, redução das estaduais (por exemplo, ICMS cai para 2%) e municipais. Angra pretende que este empreendimento seja voltado para área oceânica, naval e off-shore. A prefeitura entende que esta é uma ação que fortalecerá, dentre outros, o setor metalúrgico e aumentará a competitividade de um dos maiores estaleiros do Brasil instalado na região, sem contar os demais estaleiros do estado, incluindo o Mauá (Ponta D’Areia, Niterói), do Visconde de Mauá, patrono e ex-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, a mais antiga entidade de classe do Brasil.
A ZPE poderá trazer novas 20 empresas de porte médio/grande, além de 20 pequenas e microempresas com produção voltada à exportação. Abrindo 30.000 postos de trabalho diretamente e promovendo um incremento no PIB que poderá ser dobrado. Sabemos que há uma grande disponibilidade de dinheiro para investimentos rentáveis e a ZPE é um destes investimentos.
Com relação às práticas ambientais, já em 2012, a Lei municipal 2.963, de autoria do vereador Jorge Eduardo Mascote, trazia a exigência do monitoramento bioquímico da Baía da Ilha Grande, da destinação dos resíduos sólidos (lixo) e o reaproveitamento da parte orgânica para geração de energia limpa. A geração de energia através de resíduos orgânicos é a forma de se construir a economia circular, onde os insumos são minerados/cultivados e colhidos, estes produtos viram “lixo” e hoje param nos aterros. Usando a parte orgânica em um processo de biodigestão, produzimos o biogás com o qual podemos abastecer veículos, geradores, embarcações ou mesmo gerar energia elétrica, aí sim, teremos o ciclo fechado e a economia brasileira será circular. Esta usina é potencializada quando instalada ao lado de um distrito industrial, onde poderá funcionar como um distrito de energia, gerando biogás, refrigeração, energia elétrica e calor, todos muito usados na indústria.
Imaginem Angra dos Reis com embarcações turísticas sendo abastecidas com biogás gerado na própria cidade? E os geradores das empresas e das ilhas?
A poluição não é só a atmosférica, onde os veículos automotores (carros, caminhões, ônibus e embarcações) e geradores contribuem com algo em torno de 70% da poluição das cidades, mas os motores a diesel também contribuem bastante com vibrações e ruídos. A substituição das matrizes fósseis, o diesel, a gasolina e até mesmo o GNV é urgente e Angra está no caminho certo.
Os veículos elétricos estão sendo muito discutidos no mundo, porém o custo ainda é algo fora da realidade brasileira, enquanto isso, o Brasil tem completo domínio da tecnologia dos veículos movidos a gás. O custo dos mesmos não ultrapassa 30% do valor dos movidos a diesel, por exemplo. Um outro dado importante é que o consumo é inferior com biogás, quando comparado ao diesel (0,7m3 contra 1 litro de diesel), sem contar que o custo do m3 do biogás já é bem inferior ao do diesel.
Uma importante transportadora marítima já começa a substituir os motores de sua frota de 566 grandes navios e esta mudança é para o Biogás purificado, o biometano. A operadora marítima produzirá 12 mil toneladas de biometano, o que equivale ao consumo de dois navios de 14000 TEU durante um ano todo, assista ao vídeo e entenda o processo no vídeo a seguir.
Quando em 6 de janeiro de 1502 Gonçalo Coelho chegou a essa deslumbrante baía ocupada pelo índios Tupinambás, jamais imaginaria os altos e baixos que a sociedade daquela região passaria, mas estamos em novos tempos e o equilíbrio e o bom senso afloram. Um outro projeto na região é o do primeiro hotel fazenda dentro da maior reserva da Serra do mar. Ornitólogos, biólogos e cientistas compartilham com cidadãos comuns dessas riquezas naturais e inigualáveis. Essa biodiversidade preservada nestes 520 anos e ainda desconhecida será vivenciada de forma harmônica e responsável. Temos muito que aprender neste mundo em profundas transformações e voltar às origens é um dos caminhos.
André Pimenta encerrou nossa conversa mostrando que a Prefeitura está trabalhando para tornar público, em tempo real, todas as ações em desenvolvimento. O sistema mostrará em camadas todo o município, permitindo ao poder público uma gestão situacional dentro dos seus 800,430 km² e ao cidadão interagir, seja agendando consultas médicas, matriculando seus filhos nas escolas, ou mesmo planejando um passeio de bicicleta no fim de semana. Isso é Cidade Inteligente, construiu a base para que possam ser acoplados os equipamentos IOT (internet das coisas) e daí haver outro salto tecnológico, isso é respeito com dinheiro público.
As consequências são claras, Angra tem tudo para sair do ISHM de 0,724 para despontar como uma das melhores cidades para se viver no Brasil, até mesmo ultrapassando Niterói com seus 0,837.