Internet das coisas, vantagens nos negócios?

Por RICARDO SALLES

A vida nas cidades será outra depois do IoT

IoT – Internet of things, ou em bom português, internet das coisas. Já nos acostumamos com os celulares acessando internet, mas não são só eles que se comunicam com o mundo. Em uma cidade inteligente há uma infinidade de equipamentos que se inter-relacionam e podem povoar nuvens criando big data.

Seu smartphone já traz informações preciosas para os centros de operação e controle das cidades, mesmo sem que você saiba. Quando você se conecta a redes sociais (twitter, Instagram, facebook, whatsapp, etc.) você está mandando informações de localização por triangulação de antenas, mesmo que o GPS esteja desligado. Podemos saber de onde você saiu e a que horas e onde você foi. Esta informação é recebida em blocos, ou seja, grupos de usuários, a privacidade é preservada.

A comunicação é a infraestrutura fundamental para que o IoT se integre em nosso dia-a-dia e comece a maior e mais profunda mudança desde a segunda revolução industrial, e se inicie a verdadeira revolução social.

LPWAN - low-power wide-area network ou LPWA - low-power wide-area ou ainda a LPN - low-power network é um tipo de comunicação sem fio que opera em frequências de longo alcance para pequenos pacotes de dados. Esta tecnologia está em plena implantação no Brasil e em vários outros países. Como exemplo temos a rede Sigfox e a LoRa. Estas duas usam frequências que não há necessidade de licenciamento no Brasil. O mais importante é que o equipamento pode operar com pilhas e estas podem durar 10 anos ou mais. As informações podem ser transmitidas a distâncias que chegam a mais de 70km. Isso em propriedades rurais é algo transformador.

Em 2012 iniciei um projeto na Rodovia RJ101/Norte. O foco do cliente era a instalação de um sistema de iluminação eficiente, mas trouxemos algo fora da caixa e sugeri a instalação da telegestão. A tecnologia era mesh, onde uma caixa concentradora com GPRS recebia os comandos e por mesh retransmitia as luminárias. O sistema está em pleno funcionamento desde então, mas pensarmos novamente fora da caixa pode trazer vantagens ainda maiores para gestão da rodovia.

Como a tecnologia LPWAN colabora para transmissão de dados a baixo custo? Nos prestadores de serviço de engenharia, podemos pensar em ferramentas manuais sendo monitoradas. Instrumentos de medição portáteis podem custar muito. Com o equivalente a US$1,00 por ano pode ser monitorado. No comércio, totens de publicidade podem monitorar audiência através de câmeras e selecionar conteúdo em função do público. Outro bom exemplo é o da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo que implantou a tecnologia de IoT em medidores de água na Região Metropolitana de São Paulo.

Conversei com Paulo Spacca, presidente da Abinc - Associação Brasileira de Internet das Coisas. Hoje o foco da entidade é trabalhar sobre o Plano Nacional de Internet das Coisas, que tem 4 verticais, os ambientes de saúde, de cidades, de indústrias e rural. Completa Paulo que as horizontais, segurança, redes (LPWAN), o jurídico e a educação (formação de mão-de-obra) também serão trabalhadas. IoT é um negócio, é preciso entender os fatores que levariam ao uso da tecnologia. Para que IoT? Como case de sucesso Paulo cita escolas que fizeram controle dos alunos por reconhecimento facial e supervisionam a circulação dos colaboradores e alunos nas dependências.

De acordo com estudo da Frost & Sullivan o Brasil representa cerca de 45% de toda Latam em IoT.

O BNDES em 2017 realizou estudo para um plano de ação em IoT. Seu objetivo era a seleção de projetos-piloto de testes de soluções tecnológicas de Internet das Coisas (IoT) para apoio com recursos não reembolsáveis nos três ambientes priorizados: Cidades, Saúde e Rural. O valor mínimo do apoio do Banco a cada plano de projetos-piloto era de R$ 1 milhão.

Estive nesta quarta-feira em um evento onde várias entidades representativas do empresariado nacional participaram. Representei a ACRJ - Associação Comercial do Rio de Janeiro, o destaque foi o presidente da Fecomércio-RJ, Antonio Queiroz, que enfatizou a importância do comércio na economia. Precisamos trazer a mesa a discussão de como o IoT pode ajudar ao comércio a melhorar as vendas, por exemplo.

Estendendo o exercício, podemos pensar o quão profunda pode ser a contribuição do IoT e a tecnologia de transmissão de dados LPWAN no monitoramento da qualidade de nossa água, dos mananciais, dos rios, das reservas ecológicas e por que não, da nossa Amazônia.

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