Como cidades inteligentes ajudarão o Brasil a sair da crise?

Por RICARDO SALLES

A capacidade de adaptabilidade e resiliência brasileira às adversidades são fatores fundamentais na retomada da economia, e cidades inteligentes podem ser ferramentas importantes para tal.

Sabemos que o importante não é o volume de arrecadação tributária de um determinado país, mas sim o resultado abatido do custo deste país. O que importa é se sobra dinheiro no caixa e quanto sobra.

O Brasil é muito conhecido por sua capacidade de retomar a atividade econômica após crises. A crise que vivemos hoje que derreteu nossa economia ficou agravada pelo achatamento da curva de contágio da COVID-19, achatamento esse fundamental para preservação da vida dos brasileiros, mas postergador da retomada econômica.

Analisando um pouco mais nosso comportamento, percebemos que é mais presente que nunca a tese de Dunning e Kruger, o primeiro, professor de psicologia social da Universidade de Cornell, e o segundo, seu aluno. Estudando um caso específico, concluíram que quanto mais ignorante sobre um determinado tema, mais firme em suas afirmações (na grande maioria infundadas) são as pessoas. Quanto mais conhecedores de um assunto, menos seguros são os especialistas, mais receptivos a aprender são, pois estes têm a real noção do tamanho de seu conhecimento. Isso nos leva a entender um pouco do que tem acontecido nestes dias.

Teses são trazidas por canais de comunicação de massa sem que haja um estudo ou mesmo questionamento a especialistas, o que causa um caos na sociedade. Devemos todos nós, estudarmos um pouco mais sobre cidades inteligentes, buscar um pouco mais sobre novas oportunidades de negócios, afinal temos tido mais tempo para tal por estarmos em home office e com a economia desaquecida.

Como a tecnologia pode ajudar ao Brasil a sair mais rápido desta crise?

Sabemos que a energia é fundamental na indústria e que no comercio e no setor de serviços ela é um importante custo. Reduzir o custo desta energia é urgente. Hoje nossa principal matriz é a hidráulica, que embora limpa, tem um altíssimo custo na transmissão. Devemos pensar mais em outras fontes e a biomassa é o alvo. No Brasil, 65% de nossa energia é hidráulica e só 8% é de biomassa. Se juntarmos a necessidade que as cidades têm no tratamento do lixo, a diminuição do custo da energia, concluímos que biodigestão e pirólise devem ser consideradas como foco do planejamento de uma cidade eficiente. Daí tiramos o primeiro exemplo da colaboração de uma cidade inteligente para ajudar a diminuir os custos, favorecendo a sobra de caixa.

Porém, há um forte entrave nesta solução e este é o tributário. Conscientes de que impostos são a forma de manutenção da máquina pública e portanto devem existir, por outro lado entendemos que estes não devem ser obstáculo ao crescimento do país, até porque precisamos buscar mais eficiência para que sobre mais no caixa. Não é razoável que a infraestrutura de nossas cidades tenha o peso tributário atual, onde a construção de uma usina desta possa custar quase 50% mais caro.

O resultado positivo da maior geração de energia por biodigestão chega até mesmo ao transporte público e o de cargas. A Scania e a Volvo, já desenvolveram e disponibilizaram ao mercado brasileiro caminhões e ônibus (chassis) movidos a biogás. Estes equipamentos não estão sendo adequadamente analisados quanto ao impacto econômico que geram. Esta solução reduz custos não só na coleta de lixo, mas no controle de poluição, na fiscalização, no nível de ruído (motores ciclo Otto são mais silenciosos que a Diesel) e fundamentalmente, na redução do custo do Km rodado.

Será que não devemos pegar nossas lunetas e tentarmos avaliar cenários futuros pelo prisma das cidades inteligentes? O que vamos encontrar? Será que reduzir a carga tributária de elementos de infraestrutura não resultaria em mais recurso no caixa?

Gosta do tema? Quer propor ou sugerir ações de infraestrutura que nos ajude a sair desta crise? Quer sugerir algum tema? Envie um e-mail para ricardosalles@asmprojetos.com.br