COISAS DA JUSTIÇA
Luiz Antonio Jean Tranjan: o advogado que distribui 'bilhetes premiados de loteria’
Publicado em 10/05/2022 às 11:41
Alterado em 10/05/2022 às 12:23
Tranjan não traz somente a responsabilidade que lhe é atribuída pelo suicídio do pequeno empresário Bruno Kurowsky, ex-proprietário do icônico Bar Luiz: seus desafetos afirmam que ele também “faz muitas benesses” “distribuindo centenas de prêmios de loteria” para seus clientes, mas sempre, claro, ganhando uma comissão que varia entre 35 a 50% do valor da ação, ou do “bilhete de loteria”, avalizado pela Justiça do Trabalho.
O JB pesquisou e está analisando dezenas de ações patrocinadas por Tranjan, que farão parte de uma série de reportagens sobre o advogado que acumulou uma das maiores fortunas da profissão no Rio, quebrando dezenas de pequenas empresas por decisões que levaram até mesmo ao suicídio do ex-proprietário do Bar Luiz.
Na primeira dessa série de reportagens, a decisão judicial extrapola (como as demais que publicaremos) o bom senso, o razoável perante a luz da realidade e do possível: Juliana Bezerra de Oliveira trabalhou quatro anos como caixa de um conhecido restaurante da Zona Sul. Demitida, teve todos seus direitos quitados na rescisão contratual, como mostra o processo.
Porém, o “bilionário advogado dos pobres” viu nessa rescisão mais um “bilhete premiado de loteria”: Tranjan ingressou com ação na Justiça do Trabalho e conseguiu “provar” que Juliana, durantes os quatro anos em que foi funcionária do restaurante, fez diariamente 13 horas extras. Ou seja, somando às 8 horas de trabalho obrigatórios, Juliana, durante 4 anos, trabalhou 21 horas diariamente!
Somando ainda às três horas que a ex-caixa gastava em locomoção de sua casa até o local de trabalho, Juliana ficou, portanto, quatro anos sem dormir, sem almoçar e sem jantar!
E, por todo esse “sacrifício provado na justiça”, Juliana teve decisão favorável no valor de R$ 300 mil. Para cada mês trabalhado, Juliana ganhou o “direito” de receber de indenização por ter ficado “sem almoçar, sem jantar e sem dormir”, durante quatro anos, mais dois salários mensais, ou seja, R$ 6,5 mil/mês por 4 anos!
Tranjan, neste caso, teve a ajuda do escritório Monteiro Dantas, das advogadas (do restaurante réu) Lenisa Monteiro Dantas Carneiro e Maria Cecilia Lima, que "perderam o prazo" para provar que Juliana não poderia ter trabalhado 24 horas initerruptamente, sem direito a almoçar e jantar, muito menos dormir (!), durante 4 anos!
Neste caso, o “bilionário advogado dos pobres” vai embolsar o mínimo de 35% do valor a receber, recursos que o causídico deve direcionar para uma de suas grandes paixões de investimento: compra de imóveis.