Escritório Sérgio Bermudes: derrotas, luta pelo poder, traição e decadência

Mesmo com um RS 1 bilhão no caixa, decadência e falta de credibilidade nos tribunais são uma realidade, segundo os mais apurados críticos e adversários da banca Bermudes

Por COISAS DA JUSTIÇA

Advogado Sergio Bermudes discursa na OAB/RJ (arquivo)

O JB começa hoje uma série sobre grandes escritórios de advocacia do Rio, iniciando com a situação do renomado escritório Sérgio Bermudes, hoje rebatizado de BERMUDES ADVOGADOS, conhecido pelo talento de seu fundador, o renomado advogado Sergio Bermudes, atualmente afastado do dia a dia da banca.

Com o afastamento de Bermudes, cerca de 10 advogados assumiram o escritório. Todos multimilionarios que, mesmo assim, travam uma dura briga pelo poder. Dentre eles, Marcelo Pontes, Fred Ferreira, Marcelo Carpenter, Marco Vieira Souto e outros como Tanure, que, segundo informantes da coluna, foi "detonado" por Marcelo Fontes e preferiu sair e abrir seu próprio escritório, assim como fez, longo tempo atrás, o conceituado Daltro Borges.

Se no passado a banca Sergio Bermudes teve até mesmo advogado de seu quadro preso por trafico de cocaína, o escritório, hoje, ainda atende importantes empresas brasileiras como grandes clientes.

Conhecido, também, por ter o quadro de advogados e estagiários formados, em grande número, por filhos de desembargadores  e juízes, o escritório Sérgio Bermudes acumulou ao longo das últimas décadas as mais expressivas vitórias em ações de repercussão nacional.

Mas também perdeu prazo em ação da Xuxa, o que fez a artista cancelar o contrato com o escritório.

Nos últimos tempos, o famoso escritório vem sofrendo com derrotas expressivas, revertendo a alcunha de "imbativel" nos tribunais, onde também possui fortes inimigos togados.

Os casos de repercussão nacional em que o escritório foi derrotado nos tribunais são emblemáticos, e demonstram uma fase amarga de performance que marcou sua trajetória vitoriosa.

Algumas das ações em que o escritório Sergio Bermudes foi derrotado, e que tiveram grande repercussão no meio jurídico brasileiro, fizeram com que importantes empresas olhassem com atenção para a deficiente performance jurídica da banca nos últimos tempos.

Segundo um dos principais concorrentes, que pediu pra não se identificar, os honorários cobrados pelo escritório Sérgio Bermudes são os mais altos da justiça brasileira, o que tem incomodado alguns clientes que perderam suas causas.

Seguindo a mesma fonte, o escritório Bermudes possui um fundo de investimentos no valor de RS 1 bilhão.

Uma derrota fragorosa, essa no STF, foi o caso de três crianças brasileiras que residem no Rio de Janeiro e que estavam para ser, por conta da Convenção e de Haia, expatriadas para a Colômbia. Elas foram defendidas pela advogada do escritório Bermudes, Nádia Araújo, que também é professora da PUC.

Nádia perdeu nas três instâncias, sendo que o STJ, por ela ter apresentado tese equivocada e ser considerada fraca no plenário, não acatou a excepcionalidade prevista na Convenção de Haia, que envolvia uma criança que possui severa paralisia cerebral.

Em julgamento comandado pelo ministro Gurgel de Andrade, o escritório Sergio Bermudes foi derrotado por 5x0. O advogado da outra parte foi Antenor Madruga, grande amigo da Dra. Nádia.

Dizendo que não havia "a menor chance" de ser impetrado um Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal, muito menos obtê-lo, o escritório Sergio Bermudes e Nádia Araújo renunciaram à causa. Mas cobraram milhões para perder.

Assumiu a ação o escritório Serpa Pinto e Fairbanks, que ganhou a ação no STF, quando a Ministra Cármen Lúcia concedeu o Habeas Corpus e levou a decisão para o plenário da Segunda Turma. O resultado foi 5 x 0 a favor da permanência das crianças no Brasil.

Ganharam as três crianças, que ficam em definitivo no Brasil junto à mãe e sua família. Perdeu, mais uma vez, o escritório Sérgio Bermudes. Mesmo tendo ganhado, como sempre, alguns milhões.

Continua semana que vem: que fim levou o advogado do escritório Sérgio Bermudes, preso por trafico de cocaína?