Por Coisas da Política
WILSON CID - [email protected]
COISAS DA POLÍTICA
Culpadas as redes sociais?
Publicado em 21/01/2025 às 10:26
Alterado em 21/01/2025 às 10:26
As redes sociais andaram na berlinda, como fato decorrente da investidura do novo ministro das Comunicações e da tragédia do Pix, sobre elas despejadas algumas das razões que têm levado o governo Lula a padecer de escassos resultados nesse campo. Talvez, para se entender melhor o papel que a elas cabe nas sociedades modernas, devamos remover a acusação de terem se tornado mero instrumento de propaganda e conspiração dos grupos de direita; e, portanto, com prejuízos para o atual governo, que se inspira em ideologia contrária. Parece haver nessa condenação um equívoco, que precisa ser analisado, para que, afinal, o setor governamental responsável pela elaboração de um projeto possa garantir algum êxito. Não adianta xingar as redes sociais, conquista universal da comunicação e da tecnologia, mesmo aceita a necessidade de ajustá-las aos deveres.
Hoje, se elas se revelam mais críticas, muitas vezes ferinas, sobretudo com a capacidade de fazer humor, é porque gozam – pelo menos até agora – de suficiente liberdade para se contraporem aos instrumentos da mídia tradicional, da qual o presidente e seu ministro não podem se queixar. Não há antecedente de caso em que um governo tenha sido tão fartamente prestigiado pela imprensa e televisão, ainda que não vejam nele grandes valores, mas porque, pela via lulista, empenham-se, igualmente, no sepultamento do fenômeno do bolsonarismo, que o presidente elege como alvo preferencial de seus dardos e canhões. Pois, mesmo frente a tão expressivos apoiadores, o Executivo não consegue fazer suas realizações chegarem ao grande público. E, quando chegam, padece de galhofas e deboches. A Secom deve sentir isso, com toda certeza.
Diante disso, desaproveitados os recursos disponíveis, o terceiro mandato presidencial vem somando pontos nos itens negativos. Por que? Porque, com toda certeza, a política palaciana descuida de jogar com uma pauta que seja capaz de primar pela verdade. Eis o porquê. Nesse sentido, contribui, por exemplo, a inconveniência de o presidente ir à televisão para dizer que os preços dos alimentos estão caindo; garante a carne mais acessível, quando na verdade subiu 40%. Todos sabem que o custo de vida está em franca ascensão. Outras vezes, diz-se que o mundo nunca nos respeitou tanto, o que está longe do real.
O novo ministro tem, entre suas tarefas, conter as fantasias, convencer seu presidente que equivoca-se também ao denunciar que os juros sobem por causa de manobras da oposição; porque, se sobem, há outros fatores, entre os quais a insistência do próprio governo em atropelar a política fiscal. Pois, chega o momento em que as coisas caem no claro, como o demônio dos juros elevados. O que dizer agora?, se Campos Neto foi embora, e o Banco Central está confiado aos amigos.
Nada se compara à eficácia da verdade, quando o país se debate com incertezas, como agora. Pode ser solução amarga para o discurso oficial, mas é importante reconhecer deficiências, não para remissões e mea-culpa, mas expor, didaticamente, os problemas e seus pontos vulneráveis. Talvez seja o caminho para chegar às massas, se esse for, como tem revelado, o anseio do ministro recém-empossado.
Ávido de reconhecimento, o Executivo, percebe-se, não consegue fazer obras e serviços irem ao brasileiro das ruas, o que, também em parte, explica-se na inércia de alguns ministros, que pouco ou nada têm feito para melhorar a imagem do conjunto. É o caso daqueles que estão nos cargos em nome de interesses partidários. Para eles, o êxito do prestígio comum não é exatamente a preocupação primordial, fenômeno que vai se revelando com nitidez à medida em que se aproximam as eleições.