Cult, Pop & Rock

Por CAL GOMES

CULT, POP & ROCK

Mulheres Top 20!

Publicado em 26/12/2024 às 10:26

. Foto: Pixabay

Dia desses li um depoimento de Gilberto Gil contando como ele compôs “Super-Homem (A Canção)”, um dos seus maiores sucessos, lançado em 1979 no álbum “Realce”. O cantor, que tinha voltado do exílio e estava hospedado na casa de Caetano Veloso, narra com alguns detalhes a manhã em que levantou, foi até a sala e presenciou o grande amigo e parceiro, e algumas outras pessoas, elogiando euforicamente o filme de Richard Donner sobre o homem-de-aço, que acabara de estrear no Brasil.

O baiano voltou para o quarto, pegou o violão e, horas depois, em primeira mão, mostrou a Caetano “Super-Homem (A Canção)”, criada pela genialidade deste gigante da MPB. Gil declara, de forma poética, metafórica e explícita, que o seu lado mais forte e encantador é o feminino. Na verdade, uma ode às mulheres.

Neste depoimento, porém, o artista afirma que não foi uma composição sobre a sua própria sexualidade, como muitos poderiam entender, mas, sim, uma leitura particular sobre o feminino e seus encantos, como um contraponto à força física, muscular, bruta do homem, do masculino, do macho.

E foi pensando neste belo depoimento de Gilberto Gil que resolvi, na coluna de hoje, homenagear algumas mulheres do meio musical citando 20 álbuns fantásticos, sem ordem de preferência, que estão entre os que mais ouvi nas últimas décadas. Começo com artistas e bandas internacionais, mas, em breve, citarei as brasileiras e seus maravilhosos e importantes trabalhos.

01. Carole King: Tapestry (1971)
Álbum de maior sucesso da cantora e pianista americana, manteve-se na primeira posição da parada americana durante 15 semanas consecutivas, com 04 canções de grande sucesso: “So Far Away”, “It 's Too Late”, “You' ve Got a Friend” e “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman”. Clássico dos clássicos. A voz delicada e cheia de personalidade de Carole me deixa hipnotizado e entorpecido. Capa sensacional.

02. Heart: Little Queen (1977)
Disco do grupo liderado pelas irmãs americanas Wilson: Ann, nos vocais, e Nancy, na guitarra. É nele que se encontra o primeiro e grande sucesso da banda: “Barracuda”. Hard Rock vigoroso liderado pela voz potente e assombrosa de Ann.

03. Renaissance: Ashes Are Burning (1973)
Banda folk inglesa com pegada de rock progressivo que fez sucesso mediano durante os anos de 1970. A voz delicada e de grande força melódica de Annie Haslam, mais uma vez, se destaca nesse álbum belíssimo.

04. The Pretenders: Learning to Crawl (1984)
Trabalho de maior sucesso da banda inglesa-americana, que enfrentou muitos problemas com as mortes trágicas de alguns dos seus membros, envolvidos com drogas pesadas. O grupo sobreviveu graças ao talento de sua vocalista e líder, Chrissie Hynde. Os maiores sucessos da banda são as duas primeiras pauladas que abrem o disco: “Middle of the Road” e “Back on the Chain Gang”.

05. The Runaways: Queen of Noise (1977)
Banda americana dos anos de 1970 formada só por mulheres recém-saídas da adolescência e que, ao fim das atividades, lançou dois nomes fortes do hard rock: as vocalistas e guitarristas Joan Jett e Lita Ford. Esse é o meu álbum preferido das "Fugitivas" e o de maior sucesso de venda e crítica.

06. Janis Joplin: Cheap Thrills (1968)
Foi o segundo e último álbum de Janis como vocalista da banda americana Big Brother and the Holding Company. Depois, a cantora iniciou a sua brilhante, mas curta e dramática carreira solo. A capa maravilhosa foi desenhada pelo mitológico cartunista Robert Crumb. Minhas canções preferidas do álbum são as versões incríveis para as clássicas “Summertime” e “Ball and Chain”.

07. Joss Stone: The Soul Sessions (2003)
Álbum maravilhoso da igualmente maravilhosa Joss Stone, o meu preferido da inglesa. Composto por versões de soul music, rhythm and blues e jazz. Trabalho de estreia que deixou claro que a cantora atingiria rapidamente grande sucesso na carreira. Não tenho uma preferida, deixo as 10 canções rolarem seguidas ou aleatoriamente.

08. Everything But the Girl: Love Not Money (1985)
Talvez um dos álbuns que mais ouvi quando foi lançado, na metade da década de 1980, quando os meus ouvidos pediam outros tipos de som além dos costumeiros heavy metal, hard rock e rock progressivo. Obra espetacular da banda inglesa. O vocal de Tracey Thorn é um dos meus preferidos entre as várias cantoras de rock.

09. Amy Winehouse: Back to Black (2006)
Depois de Janis Joplin, a cantora inglesa, talvez, tenha sido a de maior força vocal e carisma no universo musical até a sua morte, em 2011, muito jovem, como Janis, aos 27 anos. Como a cantora americana, Amy teve uma vida pessoal e artística conturbada, dominada por polêmicas geradas por seu envolvimento com as drogas e o álcool. Dos seus dois únicos discos lançados, “Back to Black” é o da minha preferência. A fenomenal cantora se lançou de corpo e alma em todas as canções.

10. Joni Mitchell: Ladies of the Canyon (1970)
O meu preferido da cantora, compositora e instrumentista canadense. Uma homenagem, com belas crônicas musicais, a Laurel Canyon, região localizada nas colinas de Hollywood, reduto cultural de Los Angeles que incendiou a Califórnia nos anos de 1960 até metade da década de 1970. Lirismo e qualidade musical da primeira à última faixa.

11. Regina Spektor: Begin to Hope (2006)
A primeira vez que ouvi "Begin to Hope", o quarto álbum da cantora russa/americana, nascida em Moscou, fiquei impressionado. Não apenas com a voz de Spektor, cheia de personalidade e força, mas com a qualidade das letras e das músicas nas 12 composições. Quem ainda não ouviu essa pequena obra-prima, ouça!

12. Karen Dalton: It's So Hard to Tell Who's Going to Love You the Best (1969)
Não faz muito tempo que ouvi pela primeira vez esse álbum maravilhoso da cantora e violonista de folk, country e blues texana, que morreu com apenas 55 anos e gravou somente dois discos de estúdio. Esse que indico, o de estreia, e o “In My Own Time”, lançado em 1971. Música refinada, mas em estado bruto e com uma delicadeza que emociona.

13. Patti Smith: Horses (1975)
A música de Patti Smith nunca foi de fácil degustação. Talvez, “Horses”, o seu álbum de estreia, produzido pelo mitológico John Cale, seja o que consegue atingir, digamos, os ouvidos acostumados com composições mais comerciais. Além de música, a americana de Nova Iorque também trabalha com poesia, artes plásticas, literatura e fotografia. Difícil dizer a minha preferida entre as 8 canções do álbum, mas “Elegie”, que fecha o disco, me emociona.

14. The Mamas and the Papas: If You Can Believe Your Eyes and Ears (1966)
Impossível ficar insensível à harmonia vocal da banda americana que sacudiu os EUA quando foi apresentada na metade da década de 1960. Principalmente com as vozes da dupla feminina carismática, Cass Elliot e Michelle Phillips. Esse álbum de estreia trouxe as duas canções que talvez mais simbolizem a geração hippie que dominou a década e se estendeu até o início dos anos 1970: “Monday, Monday” e “California Dream”.

15. Leslie Feist: Let it Die (2004)
Também conhecida apenas como Feist, a canadense tem aquela voz miúda, doce, que você certamente já ouviu parecida em alguma trilha de algum filme publicitário. Ao se deparar pela primeira vez com as 12 ótimas canções desse álbum, o segundo de sua carreira, tem-se a impressão de já tê-lo ouvido antes, em algum lugar. E, certamente, duas delas você já conhecia: “Inside and Out”, dos Bee Gees, e a clássica francesa “L'Amour ne Dure pas Toujours”, interpretada pela maravilhosa Françoise Hardy que nos deixou meses atrás.

16. Fleetwood Mac – Rumours (1977)
O segredo do álbum de maior sucesso da banda inglesa-americana não está apenas na qualidade musical de seus membros. Os problemas de relacionamento de dois casais da banda resultaram em canções que explicitamente apresentavam os momentos de dificuldades que viviam em suas vidas pessoais. Em sua maioria, a banda era formada por homens, mas foram duas louras talentosas, as cantoras Stevie Nicks e Christine McVie, que, aos olhos do público, que se tornaram a face do quinteto. “Rumours” não é apenas um clássico do rock/pop; trata-se de um álbum muito perto da perfeição musical e de letras de muita força poética que, nas entrelinhas, apresentavam as complicações que alguns membros da banda enfrentavam.

17. Billie Holiday: Lady in Satin (1958)
O meu preferido da cantora americana de jazz. O penúltimo gravado antes da sua morte, ocorrida em 1959, um ano depois do seu lançamento. Uma obra de arte resumida em 12 canções interpretadas de forma magistral pela voz única de Billie. Suave e melancólica.

18. Tina Turner: Private Dancer (1983)
O álbum de maior sucesso comercial de Tina, o quinto de sua carreira solo depois de a cantora ter se libertado de Ike Turner, parceiro artístico opressor e marido violento. A canção título foi composta por Mark Knopfler, guitarrista do Dire Straits. A minha preferida do disco é “Let's Stay Together”, também conhecida e de grande sucesso na interpretação de Al Green.

19. Blondie: Parallel Lines (1978)
O trabalho de maior sucesso comercial da banda comandada pela vocalista Debbie Harry também é considerado pela crítica o melhor disco do Blondie. E é, também, o meu preferido. Talvez o gênero new wave, que estourou nos anos 1980, tenha se iniciado com “Parallel Lines”, ainda que de forma embrionária. É um disco para deixar rolar e capotar. Destaco a sonoridade única da guitarra de Robert Fripp (King Crimson), convidado especial para tocar na faixa “Fade Away and Radiate”.

20. Aretha Franklin: Lady Soul (1968)
O título do álbum, que é o meu preferido da extraordinária, fenomenal, cantora, e o que mais ouço, é a mais perfeita definição da americana. Uma obra-prima que não deixa dúvida de que ainda não apareceu na história da música uma voz que se iguale à de Aretha.

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