Cult, Pop & Rock

Por CAL GOMES

CULT, POP & ROCK

Edward Mãos de Tesoura

Publicado em 30/01/2025 às 07:09

Alterado em 30/01/2025 às 11:36

. Foto: Divulgação

Na manhã ensolarada do domingo, enquanto eu começava a escrever mentalmente a coluna com o tema que havia rascunhado durante toda a semana, a informação de que, se ainda estivesse entre nós, Eddie Van Halen estaria completando, exatamente naquele dia, 26 de janeiro, 70 anos, chegou a mim, pelo celular, sob a sombra de um pé de jambo e entre solos agudos e incessantes das incansáveis cigarras.

A ideia de escrever sobre o guitarrista já estava anotada na longa lista que criei desde o primeiro momento em que o projeto desse espaço aqui no meu querido Jornal do Brasil começou a sair do papel. E aproveitei, então, a data redonda do seu aniversário para tirar da fila o tema que estava aguardando o momento apropriado. Entrei em casa, liguei o notebook, guardei o outro assunto em uma das gavetas da memória e comecei a pensar o que escreveria sobre o maior ídolo que tenho na música. Claro que eu colocaria no texto detalhes relevantes da biografia de Eddie, mas faço isso de forma muito curta para não entediar o leitor com muitas informações que a grande maioria dos consumidores de rock/pop já conhece.

Edward Lodewijk Van Halen nasceu em Amsterdam, Holanda, em 1955, mudando-se com os pais para Pasadena, Califórnia, EUA, em 1962, quando tinha apenas 7 anos. Alex, outro membro da família e único irmão, acabara de completar nove. Anos depois, no início da década de 1970, já ambientado no novo país, frequentando o High School, com dezenas de amigos nativos e o american way of life já incrustado sob a nova pele californiana e bronzeada, começou a se interessar pela música de forma mais intensa, montando ao lado de Alex, que trocou a guitarra pela bateria, bandas que acabaram como embriões para a mais séria de todas as outras anteriores: a Mammoth, criada em 1973, e que, meses depois, teve o nome trocado para o sobrenome holandês dos irmãos. No final da década, depois de muitas tentativas, o Van Halen dava início a uma impressionante história de sucesso graças ao talento raro do guitarrista.

Eddie foi, ao lado de Jimi Hendrix, o maior revolucionário na técnica e no estilo de tocar guitarra. No ano em que surgiu oficialmente, 1978, quando sua banda lançou o álbum de estreia, todo o meio musical, e não só o do rock, custou a acreditar no que estava ouvindo. Um gênio tinha acabado de surgir em um final de década em que o rock mais pesado se mostrava enfraquecido e consumido pela disco music que tomava conta de um mercado fonográfico sem criatividade, acomodado e entorpecido. E esse gênio foi o grande responsável por trazer o rock de volta nas décadas seguintes, com uma sequência impressionante de sucessos distribuídos em 12 álbuns de estúdio e uma infinidade de concertos ao redor do mundo, em todos os continentes.

Lamentavelmente, Eddie Van Halen se foi muito cedo, em 2020, aos 65 anos, vítima de um câncer furioso que enfrentou bravamente durante anos, mas seu legado, termo muito utilizado nos últimos tempos, precisa ser celebrado aqui, porque Eddie não só o deixou em sua vasta e poderosíssima obra, mas, também, na formação técnica e de estilo de uma brilhante geração de guitarristas que o seguiu e que descobriu o amor pela música e pelo instrumento assim que começou a acompanhar apaixonadamente a sua arte.

Em setembro do ano passado, Alex Van Halen falou à Rolling Stone sobre o lançamento de “Brothers”, livro que publicou contando detalhes da vida ao lado do irmão. Na entrevista, Alex afirmou que pensa em voltar com o Van Halen, gravando novas composições e aproveitando material antigo e ainda não utilizado, valendo-se de inteligência artificial para reproduzir os sons característicos da guitarra marcante de Eddie: seus acordes, riffs, solos. Disse, ainda, que, mais para frente, cogita convidar Robert Plant, o mitológico membro do Led Zeppelin, para assumir os vocais de uma nova versão da banda. A novidade não agradou o também músico Wolfgang Van Halen, filho único de Eddie, que deixou claro que não concorda que materiais inéditos criados pelo pai sejam lançados.

Finalizando, cito alguns exemplos da genialidade de Eddie em 12 músicas não tão famosas do repertório de sua banda. São canções que fazem parte dos 06 primeiros álbuns do Van Halen, todos gravados pela formação original, com David Lee Roth como vocalista, o meu preferido dos três que passaram pela banda, e que fez parte dessa história duelando com a guitarra veloz, precisa e cortante de Edward Mãos de Tesoura.

Álbum: Van Halen (1978)
- I'm the One
- Ice Cream Man

Álbum: Van Halen II (1979)
- Light Up the Sky
- D.O.A (Dead or Alive)

Álbum: Women and Children First (1980)
- Everybody Wants Some
- Fools

Álbum: Fair Warning (1981)
- Mean Street
- Unchained

Álbum: Diver Down (1982)
- Hang 'em High
- The Full Bug

Álbum: 1984 (1984)
- Girl Gone Bad
- House of Pain

 

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