CULT, POP & ROCK
A fila anda
Publicado em 17/04/2025 às 05:06
Alterado em 17/04/2025 às 11:14

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Feriadão chegando e aproveitarei para tentar colocar a leitura em dia. Difícil, porque a quantidade de livros que tenho aqui exigindo a minha atenção, como criança birrenta e namorada carente, é grande. A fila é longa, mas precisa andar. E tem andado. Durante janeiro e fevereiro, antes de assistir a "Ainda Estou Aqui", li o livro de Marcelo Rubens Paiva que deu origem ao premiadíssimo filme de Walter Salles. Em seguida, reli, depois de 40 anos, o também impactante “Feliz Ano Velho”, o primeiro do autor.
No início da semana, terminei o ótimo "Ney Matogrosso: Vira-lata de Raça", lançado em 2018. Relatos impressionantes de um dos maiores cantores do Brasil e, sobretudo, do artista sensível, talentoso, corajoso e de forte personalidade.
Ney contou com o auxílio do jornalista Ramon Nunes Mello, responsável pela pesquisa, interlocução e organização de todo o material que compõe uma obra de fácil leitura e de grande importância para conhecer com detalhes boa parte da sua vida.
Muitas histórias e sonhos Foto: Marcoz Gomez
E, sobre ele, a inesquecível Rita Lee escreveu: “É um camaleão? É um feiticeiro? É uma sereia tropical? É um Bowie da floresta? É uma vedete escandalosa? Sim, tudo isso e muito mais: é the one and the only, Ney Matogrosso!".
No início de maio será lançado nos cinemas "Homem com H", longa-metragem biográfico sobre o cantor, dirigido e roteirizado por Esmir Filho. Certamente um complemento e resumo dessas memórias incríveis que acabo de ler.
Na quarta-feira iniciei "Os Sonhos não Envelhecem: Histórias do Clube da Esquina", oitava edição, de 2019, escrito por Márcio Borges, um dos participantes do maior grupo e movimento musical surgido em Minas Gerais, no início dos anos de 1970, e que se espalhou por todo o país com força avassaladora depois do lançamento do clássico álbum homônimo, de 1972, uma das mais importantes obras da história da música brasileira.
Liderado pelo gigante Milton Nascimento, o Clube da Esquina foi o catalisador cultural daquela geração de artistas mineiros, em se tratando de músicas e letras, através de seus inúmeros membros, como o próprio Márcio e, ainda, Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso, Flávio Venturini, Tavito, Fernando Brant e Ronaldo Bastos, entre outros.
E é sobre o autor, MárcioBorges, que FernandoBrant, um dos membrosdo Clube da Esquina, escreveu em uma das orelhas do livro: "Márcio Borges é um poeta. Com olhos de cinema, literatura e música ele viu e vê a vida. Máquina humana de decifrar o mundo com palavras, sons e imagens, ele me aparece agora contando cacos de um tempo querido, os anos sessenta e setenta."
Em seguida, lerei “André Midani: Música, Ídolos e Poder. Do Vinil ao Download”, autobiografia daquele que certamente é o mais importante executivo da indústria fonográfica do Brasil.
Midani - Um garimpeiro musical incansável Foto: Marcoz Gomez
Falecido em 2019, Midani nasceu em Damasco, Síria, mas, aos 3 anos, foi para a França e, em 1955, mudou-se para o Brasil onde, imediatamente, ingressou no mercado fonográfico, tornando-se, dos anos de 1960 aos de 1990, um mito na área musical, descobrindo, contratando e promovendo nomes dos mais famosos da música brasileira. Artistas e bandas. Da MPB ao Rock nacional.
E sobre o livro, o publicitário Washington Olivetto, que nos deixou no fim de 2024, escreveu: "Se essa obra fosse um disco, seria um álbum triplo. Se fosse um filme, seria um épico. Se fosse uma série de TV, seria sucesso por muitas temporadas. Uma história que, se não fosse real, seria difícil de acreditar."