Título justo, em final deplorável

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Sete jogos, sete vitórias. Diante desses números, não há como contestar o título do Vasco na Taça Guanabara. Infelizmente, conquistado numa final que pode ser descrita como um show de horrores, principalmente, pelo que aconteceu fora de campo, com a patética briga dos dirigentes na Federação e na Justiça por um lado da arquibancada - como se isso fosse importante ou valesse algo.

Por causa dessa besteira, a partida começou com os portões fechados, enquanto torcedores, predominantemente vascaínos, tentavam entrar a força e apanhavam da polícia, numa confusão monumental do lado de fora do Maracanã. Teve gás de pimenta, bomba de efeito moral, borrachada de cassetetes e cavalaria pra cima da galera. Um caos. O carioquinha do Rubinho é mesmo assim: quando se acha que é impossível piorar, ele se supera e surpreende. Negativamente, claro!

Com a bola rolando, o Fluminense teve ampla superioridade e criou as melhores oportunidades para marcar. Não foram muitas, mas ao menos em duas ocasiões, o tricolor esteve bem perto do gol. No primeiro tempo, num chute de Yony Gonzalez que explodiu na cara do goleiro vascaíno, e no segundo, numa cabeçada de Luciano que bateu na rede, pelo lado de fora.

Recuado, o Vasco não criou nenhuma trama ofensiva digna de registro, até os 35 minutos do segundo tempo, quando uma falta cobrada por Daniel Barcelos, em cruzamento, acabou no fundo do gol de Rodolfo, que falhou grotescamente. E foi só. E suficiente. A partir daí, o Flu se perdeu e não chegou nem perto do empate, que levaria a decisão para os pênaltis.

Foi tecnicamente, um jogo à altura dos dirigentes e suas confusões. Mas o que interessa para a torcida cruz-maltina é que o Vasco venceu, de novo, e assim mereceu o título. Indiscutível.

Um cartola desastroso

Pedro Abad é, com certeza, um dos piores presidentes da história do Fluminense. Sua insistência pelo lado sul da arquibancada do Maracanã e, pior, sua convocação da torcida tricolor para uma guerra no estádio poderiam ter provocado uma tragédia. Menos mal que seu próprio torcedor o ignorou. E o resultado é que a final foi disputada praticamente só com a torcida adversária no estádio....

Não custa lembrar que, por mais de 60 anos, a torcida do Flu ocupou o lado esquerdo da tribuna de honra (atual setor norte), de lá só se deslocando em dia de Fla-Flu, quando aí, sim passava para o direito (setor sul). Foi seu antecessor, Peter Siemsen que, ao assinar o primeiro contrato com o consórcio Maracanã, fez constar o direito de ocupar o espaço que sempre fora do Vasco - conquistado ao ganhar o primeiro Estadual, em 1950. Contratualmente, portanto, Abad teria o direito de exigir o lugar. Mas como está devendo ao Consórcio, na verdade, nem isso pode exigir. Apenas espernear e criar uma confusão como a desses últimos dias. Lamentável!