IESA RODRIGUES
Reflexos da situação
Publicado em 06/03/2022 às 10:38
Alterado em 06/03/2022 às 10:38
Mais uma vez a moda prova ser um registro da História. Pesquisadores aliam os movimentos da humanidade às maneiras de vestir. Ela acompanha as necessidades, como na proteção contra os raios nocivos, como na marca UV Line. Reflete a opressão quando em determinadas regiões obriga mulheres a se cobrirem.
Alienação passa longe das ideias dos criadores. Como a tragédia desta invasão da Ucrânia.
Ou como as poucas possibilidades de investir em roupas e acessórios em meio às constantes ameaças de vírus cada vez mais rápidos.
A inglesa Stella McCartney cancelou seu desfile em Paris, em protesto contra a guerra. Olivier Rousteing, badalado diretor de criação da Balmain, assim definiu sua intenção, ou seu pensamento: "precisamos ficar juntos. Unidos em solidariedade podemos confiar no poder da esperança e verdade para lutar contra ódio, mentiras e agressão". As propostas lembram trajes de esgrima, são maravilhas de modelagem marcando busto e pernas.
Mas a melhor, mais comovente, foi Coperni, marca assinada por Sébastien Meyer e Arnaud Vaillant, saídos da equipe de criação da grife Gourréges. Os belos paletós com lapelas cobrindo a cabeça, os blazer-hoodies em preto, toda a parte de alfaiataria, homenageava o ateliê da Ucrânia. "É a equipe do ateliê Cap Est Sarl, em Kiev. As costureiras sempre mandam fotos delas mesmas provando as peças. Esperamos que estejam bem. Esta coleção é dedicada a elas", contou Sébastien.
Outra preocupação é da promoção que seleciona jovens talentos para se apresentar em Paris: como trazer três bons candidatos ucranianos para o evento?
Outras visões
Nem todas as modas têm guerra como inspiração. Quem procura uma lista de tendências, se perde em meio à variedade de propostas. Isabel Marrant mostrou simplicidade e no essencial. O que significa na prática muito jeans, vestidinhos curtos e justos, casacos oversized, estampas de tapetes e para compensar o frio nas pernas, já que sào coleções de inverno, botas de cano alto. A versatilidade aparece nos suéteres peludos, que podem ser usados como minivestidos. Haja bota.
Os comprimentos longos estão em Rick Owens, eterno estudioso de tecidos e formas. As bases ajustadas no corpo são cobertas por grandes casacos que parecem infláveis, de tão grandes. Uma mensagem de proteção.
O texano Tom Ford pulou a semana de Nova York _ e ele é o presidente da Associação americana _ porque as roupas, devido à pandemia, não ficaram prontas. Então, aproveitou a semana de Paris e distribuiu o catálogo da coleção. Predominam os ternos, para a volta ao trabalho presencial. Ou para saídas eventuais, usando só o paletó, um shorts e um sutiã.
Mais uma vez, a versatilidade, para acompanhar tempos em que não se sabe se voltamos à quarentena no dia seguinte.