Gente da moda

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Por IESA RODRIGUES

Montagem de modelo original (em Marlene Dietrich, em 1937) e atual da Schiaparelli

 

 

 

Continuam as dúvidas sobre a quantas andam as propostas dos grandes nomes e marcas. Pelo que tenho acompanhado, graças à gentileza das assessorias de imprensa, as atenções estão mais focadas nas pessoas, nos criadores, nas modelos e até na turma de convidados do que se as saias serão curtas, se os ombros, largos ou se o Pantone conseguiu derrubar o preto como
cor principal.

 

 

Matthew Williams estreou na Givenchy voltando às origens: inspiração básica em Audrey Hepburn, atriz amiga de Hubert de Givenchy. Destaque positivo para a série de casacos e vestidos pretos, negativo para uns modelos verdes espalhafatosos, que a Cinderela em Paris jamais teria no figurino.

 

 

Anthony Vaccarello, que está conseguindo se sustentar como diretor de criação à frente da Saint Laurent, também seguiu as bases do mestre Yves, combinando com influências dos anos 1990. Para mim, houve um erro de década, já que o que tem mais impacto é a largura dos ombros. Tanto, que a coleção se chama Huge Shoulders (ombros largos). Típico dos anos 1980.

Daniel Rosemberg foi quase linchado por causa das cabeças de feras de pelúcia na coleção de Alta Costura. As informações enviadas não confirmam se ele assinou este prêt-à-porter de inverno. Mas o site Fashion Runway editou a análise de uma forma irresistível: Gabriela Gheorghes, da equipe do site, montou fotos de modelos da própria Schiaparelli ao lado dos novos, atuais. Mais uma vez, é a pessoa que valoriza.

 

 

Olivier Rousteing fez um belo Balmain, com direito a tops cobertos de pérolas! Só este look valeu a coleção. O autor ainda contou sobre os preconceitos que sofreu no circuito da moda, em entrevista ao WWD. Um pouco mimimi, já que a cor nunca atrapalhou Xuli Bet ou Virgil Abloh. E quando os ingleses e americanos começaram a criar nas marcas parisienses também sofreram críticas impiedosas, por não serem franceses.

Uma mudança anunciada: Julien Dossena, atualmente em Paco Rabanne, vai para Jean-Paul Gaultier. Outra novidade: Rodrigo Basilicati-Cardin desfila 60 modelos, entre novos, reaproveitados do acervo maravilhoso e tecidos também antigos. O bom: será hoje, dia 5, às 18h30 no canal da marca Pierre Cardin.

 

 

Mas em matéria de produção o desfile da coleção Lunar Delivery da Off White foi imbatível. Lembrou, pelo formato e grandeza do espaço, a semana do Rio Moda Rio, no cais do Porto carioca. Alô, Carlos Tufvesson, alô prefeito Eduardo Paes, vamos mostrar a beleza da moda nacional?

 

 

Agradeço às assessorias internacionais as informações. Principalmente as que começam a mensagem do convite com um “gentle reminder” (tipo “lembrete gentil “.

Para finalizar, uma maldadezinha. Comentário de um competente costureiro brasileiro sobre o estilo Dior: “a (Maria Grazia) Chiuri é muito saia-e-blusa”. Não consigo analisar a coleção sem rir.
Ah: o Pantone não derrubou o preto como base do guarda-roupa de inverno.