Patricia Viera floresce sem desperdício
Desde que começou lançando sua marca, depois da paixão pela moda desenvolvida durante o tempo de trabalho com Mauro Taubman na Company, Patricia Viera não pára de inventar no antes dela restrito universo da roupa de couro. Cria tramas inacreditáveis, processos de antigas e novas técnicas, ao ponto de dar medo escrever sobre seus desfiles. Assistimos e pensamos “será couro mesmo? Não é seda? Que bordado é este, feito com linha de camurça?”
Na 15ª coleção, vista no shopping Iguatemi, em São Paulo, o artesanal misturou com o laser, foscos e metálicos. Flores!
E o mais atual: sem desperdício, o Zero Waste. Sobras de matéria-prima serviram para montar mosaicos e flores. Vestidos simples, que valorizam os materiais, formaram a maior parte do desfile, que acabou como se fosse uma Alta Costura (e não é?): com uma noiva!
Nos acessórios: bolsas feitas de cordas de algodão, tecidas com ráfia e crochê, assinadas pela Nannacay. Os sapatos da Manolita acompanharam os tons metalizados de vermelho, grafite, azul e uva, com saltos de PVC.
E mais: Na última hora, com passagem comprada, não pude ir para São Paulo. Mas acompanhei por vídeo e fotos a coleção da Patricia. Recebi as fotos da plateia de convidadas, muitas já vestindo modelos em couro. E li e ouvi comentários do tipo “roupas muito iguais”; “matéria mal acabada, irregular”. Só que toda coleção e principalmente todo desfile tem que mostrar uma coerência, não se deve exibir uma variação de estilos que esconda a história, tão necessária atualmente. Quanto ao acabamento do material, quem trabalha com couro sabe que isto é uma pele, com direito às irregularidades do pelo. Esta é a exclusividade do couro, não há roupa igualzinha à outra. Por isto, tanta proximidade com a Alta Costura. Patricia Viera vai em frente.