Chá de pedras

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Turquesas, favoritas nos colares de verão

Temos muitas opções de consumo. A medieval, mais tradicional: os mercados de rua. estou falando de moda e acessórios, basta ver as novidades dos camelôs da rua Siqueira Campos ou da praça Antero de Quental, onde um olhar treinado descobre saias e vestidos interessantes. Sem falar nas feiras livres de Paris (como na rue Edgard Quinet ou a transversal da Avenue Marceau, frequentada por Catherine Deneuve) ou Milão (esqueci o nome da rua onde comprei capas de almofadas e chapéus impermeáveis).

A segunda opção, as heróicas lojas de rua, que dependem de estacionamentos, dos aluguéis e do clima. Os shoppings também são caros, mas oferecem à clientela a vantagem de reunir muitas propostas em um só endereço.

Desde a pandemia a compra on-line superou os medos da roupa não caber, da encomenda não chegar ou de ser muito diferente do que via nos sites.

Clube de compras

Esta opção traz um calor além da escolha e do pix final. A ideia do designer Alberto Sabino foi receber as adeptas do seu estilo de acessórios de uma forma mais exclusiva. Ocupou um apartamento na rua Fonte da Saudade, mobiliado como residência, com nichos e prateleiras onde exibe seus colares. “Queria ser diplomata, mas quando vi a realidade da carreira, de servir em países fora do circuito dos sonhos, resolvi fazer Economia e Administração”, contou em uma tarde no Ateliê Secreto, opção para quem prefere uma conversa, um chá, um amigo, além de uma eventual.compra. Porque Alberto mantém a diplomacia no dia a dia; fala inglês, francês, italiano, espanhol e alemão. Cultiva boas maneiras, aposta na etiqueta moderna. “Claro que tem que saber segurar garfo e faca, mas o mais importante, a base de tudo, é o respeito”, ensina


Dois irmãos

Quando o irmão, Marco Sabino, começou a criar bijuterias que faziam sucesso na faculdade de Medicina, Alberto, com a visão de administrador, propôs transformar em empresa o trabalho caseiro do irmão, em 1983. Quem acompanhava os lançamentos da marca sentia que havia algumas discordâncias na sociedade. Mas em 1986 foi aberta a loja Marco Sabino, no Forum de Ipanema, que durou até 1999. Alberto já começava a criar também e chegou a um período em que as marcas alternavam: um dia, era Alberto, no outro dia, era do Marco, com direito a troca total de vitrines e coleções durante a noite! De 1999 a 2009, ficou só do Alberto. Marco Sabino começou a pesquisar e lançou um belo Dicionário da Moda, em 2006.

Pronto: esclarecida a história da sociedade, Alberto continuou trabalhando, casou, viajou muito e viu suas propostas estourarem em 1981, quando fizeram parte do figurino da novela Brilhante, assinada pelo genial Gilberto Braga.


Em casa ou no mundo

“Agora, tudo inspira. Um grupo de Harley Davidsons reunido em um botequim de São Paulo. Uma passada pela feira na Praça Nossa Senhora da Paz. Fico entre o Barroco e Bauhaus. Há um tropicalismo e uma exuberância, demonstrando que nem sempre menos é mais”, define Alberto.

Entre grissinis, docinhos, jogos, chás ou vinhos, as visitas do Atelier escolhem entre as peças com preços que variam de R$ 150 a R$ 3 mil. Elas sabem que competem com as consumidoras de multimarcas do Soho, de Nova York, que também recebem peças do brasileiro ou que poderiam usar o conforto do WhatsApp, onde o catálogo está postado, inclusive os colares e brincos esgotados.

Mas tem jeito melhor de fazer compras do que em um encontro elegante, com boas conversas e um clima de amizade?

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@albertosabinodesigner