A primavera começa na Dinamarca
A semana de Copenhague abriu os lançamentos do hemisfério norte para o verão de 2025, que devem começar a enfeitar as vitrines a partir de março. Durante esta semana, ainda bem que cheia de dias ensolarados, a Dinamarca marcou a importância dos seus estilos.
Não vou dizer que sei de cor os nomes de alguns criadores, com exceção da Marimekko, que desfila lá mas é finlandesa, fundada em 1961. Mas já há um potencial de criação, que combina estudos em Londres, na Academia de Copenhague e pesquisas em pessoas fashion, como Iris van Herpen.
À primeira vista, quem lê esta coluna pode achar que falta glamour na maioria dos desfiles. Vão se acostumando, porque aquele glamour de beldades de 1,80m, cabelos impecáveis e sorrisos eventuais, está mudando, se aproximando cada vez mais da realidade. Claro que vestir um modelo da Swedish School of Textiles está fora de questão (pelo menos por enquanto), mas um segundo olhar traz a sensação da novidade, da originalidade. Sem isto, a moda não avança.
Vejam alguns exemplos que passaram nas salas, parques e estúdios da Copenhagen Fashion Week.
Femininos
Mulheres consomem mais. Esta é uma boa razão para fazer roupas mais comerciais, sem tanta extravagância. Como a elegância atemporal da grife Remain, baseada em mais de 100 anos de trabalho. A feminilidade em preto e branco da Opera Sport; a estampa da calça e o detalhe cada vez mais visto, os punhos que cobrem as mãos, da (di) Vision, uma das marcas mais importantes da Dinamarca. das irmãs Nanna e Simon Wick, que criam com peças prontas, upcycling direto. E a minha escolha, o estilo atlético/esportivo da Baum Pferdgarten.
Masculinos
Aí reina a ousadia, e quem sabe, o futuro. Porque os homens demoram a mudar a vestimenta, cabe aos designers sugerir que nem tudo é camisa polo, terno e gravata. Tentei selecionar, dentro do excelente site do evento, peças de fácil compreensão, usadas de maneira diferente e vestidas por gente comum, desde o bonito da Marimekko até o asiático de olhar triste da Henrik Vibskov. Nos exemplos, escolhi listras em lugar das estampas famosas da Marimekko; um simples look branco do Berner Kühl, que trabalha com tecidos inacabados. Praticamente, eles “fazem” as formas das roupas. Do mesmo Berner, o traje social de bermudão. A reparar, a volta do sapato social preto - os britânicos Dr. Martens estão no auge. Na sala com luvas vermelhas subindo e descendo, Henrik Vibskov mostrou o resultado dos estudos na Central St. Martin de Londres e as mostras em museus como o MoMA (NY), Palais de Tokyo (Paris). ICA (Instituto de Artes Contemporâneas, de Londres).
Extravagantes
Primeiro, achamos graça. Ou feio. Ou sem sentido. Mas alguém tem que aproveitar os 10 minutos da apresentação para impressionar convidados influentes ou chamar a atenção para suas ideias inovadoras e muitas vezes, debochadas. Basta ver o que sai das aulas da Swedish School of Textiles. A turma sueca inventa com infláveis, fitas, tiras de tecidos ainda fora do mercado. Já a Alectra Rothschild recorta os tecidos de maneiras inesperadas para quem estudou na St. Martin londrina e na Royal Danish Academy, pesquisou os looks de Iris van Herpen e Anne Sofie Madsen. E tem sobrenome de família ligada a bancos! E da (di) Vision, ícone no circuito de Copenhagen, o casaco? abrigo? brinquedo? feito de pelúcias. Lembra a cadeira dos Irmãos Campana.