Moda e Estilo

Por Iesa Rodrigues

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IESA RODRIGUES

As coleções ao vivo, na tela

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Publicado em 28/09/2024 às 14:34

Alterado em 30/09/2024 às 07:48

Desfile Saint Laurent: masculino ou feminino? Foto: reprodução

Há muitas maneiras de assistir e julgar um desfile. E sempre haverá novidades e inovações (são itens diferentes). Na inovação, nota-se que enfim as marcas conseguiram se acostumar com os novos tempos e não só abrem os shows ao vivo como deixam gravados em plataformas acessíveis ao mundo, sem medo das cópias. Outro detalhe técnico é a duração: até onde se assistiu (noite de sexta-feira) ninguém mais se restringe a 10 minutos de passagem das modelos. Vão quase 20 minutos, se contar a espera pelo autor, para os aplausos. E o elenco em geral pode chegar a 100 pessoas, profissionais ou não. Estas são algumas inovações, independente das coleções no hemisfério norte, que vão até o dia 1º de outubro, em Paris. Quando o dia começa com Chanel e Louis Vuitton encerra a agenda. 


Capas pretas cobrem os looks dos grupos de modelos de Rick Owens Foto: reprodução

Novidades do guarda-roupa

Segundo Rick Owens, um dos mais originais da moda parisiense, basta jogar uma capa preta por cima de qualquer look, de preferência preto, também. Pelotões de pessoas de todos os tipos físicos passaram pelas escadarias do Trocadero. O que acontece quando quase não se vê a roupa, escondida pelas capas? A música fica mais importante. No caso, trechos de Tristão e Isolda, ópera de Wagner, valorizaram o conjunto. Ficou bom no ao vivo, sabiam? Pena que em todos os desfiles a música é sempre mudada, no vídeo gravado.


Maior parte da Dior foi assim: assimétrica e preta Foto: reprodução




Maria Grazia Chiuri, criadora da Dior, confirmou a onda dos ternos grandões quando recebeu os aplausos Foto: reprodução


A italiana Maria Grazia Chiuri dividiu opiniões. Sua coleção para a Dior ainda lembrou a temporada olímpica, tanto nas propostas de cortes e recortes assimétricos quanto no convite feito à performer/atriz Sagg Napoli, que atuou como arqueira, e foi criticada por acertar poucas flechas no alvo. A coleção, quase toda pela metade - um lado com mangas, uma alça só, as camisas com um ombro de fora (fácil de imitar, basta desabotoar os primeiros botões e deixar cair em um dos ombros) - A inspiração olímpica interessante nas peças com entalhes em xadrez de damas. Preto predomina. Mas a arqueira fake foi o destaque.


A dupla elegante, típica do Ralph Lauren Foto: reprodução



Look de rica: eterno blazer navy, calça branca, camisa azul Foto: reprodução


De Paris, vamos para Nova York, onde Ralph Lauren, dono da marca que tem batido as europeias em números de peças vendidas e valores de lucro. Seu desfile foi um dos mais comentados. Por causa das roupas, elegantes e clássicas? Não: porque escolheu os Hamptons, tradicional destino de férias dos americanos ricos e bem educados. Coerente, porque a roupa dele transpira riqueza. Calças mais largas, camisas listradinhas de azul, nada demais no feminino, já elegante o bastante. No masculino, uma referência ao smoking, com paletós ou calças estampadas vestidas por homens bonitos. Até a moda infantil é chic, com paletozinhos fofos, sobre vestidos em xadrez. Mas o maior comentário ficou para a locação, os Hamptons.


A nova bolsa da Gucci, com os metais clássicos Foto: reprodução


Série de modelos pretos, sobre a passarela vermelha da Gucci Foto: reprodução

De Nova York, voaríamos 11 horas para Milão. Gucci, assinada por Sabato De Sarto, foi considerado o melhor desfile italiano. Sinceramente, o que vi sobre a passarela vermelha (alusão ao red carpet?) me lembrou demais o lado clássico inalterado do Ralph Lauren. Gucci é a elegância das roupas de couro, das botas recortadas, das microssaias nos vestidos e conjuntos que dão a impressão de as bainhas terem sido cortadas ali, na hora, no camarim. Para adotar já o estilo do De Sarto, jogue um paletó ou casaco longo sobre o que estiver vestindo. Pode ser jeans e camiseta, macaquinho, vestido curto. Pronto: está de Gucci.


Uma das versões dos ternos por Anthony Vaccarello para Saint Laurent Foto: reprodução



Longo com fios lurex e colares objetos de desejo Foto: reprodução



Moda feminina, segundo os novos tempos Foto: reprodução



A parte colorida e frufru de Saint Laurent: saiote pregueado e jaqueta de brocado Foto: reprodução


Temos que voltar a Paris, para não perder Saint Laurent por Anthony Vaccarello. Repito que estou vendo tudo on-line. Primeiro, abro o vídeo e fecho, vou pesquisar de novo: acho que entrei no desfile masculino de junho. Nada disto: era o feminino mesmo, de terno oversized, ombrões, camisa e gravata! Lembrei do que o próprio Yves Saint Laurent gostava de usar. A série continuou, dezenas de variações da roupa masculina, até que foi aceitando saias longas com fios de lurex, também com jaquetas de couro e colares do tipo “quero todos, agora!”. A terceira parte reuniu um colorido lote de micro saias pregueadas na horizontal, com uma barrinha rendada aparecendo, como se fosse uma anágua e jaquetas de brocados lindos.


O ator coreano Nam Joo Hyuk, recém-saído do serviço militar, foi pra Paris para ver o desfile Dior Foto: reprodução


Divertido no on-line são os comentários. Todos os desfiles ganham elogios e também são considerados horríveis. Muitos acham as trilhas tediosas, desde Wagner ao Sailing do Christopher Cross, no Ralph Lauren. Outros pedem a volta do John Galliano na Dior. E todos que vi têm a maior parte dos comentários dedicada à felicidade de ver um ator coreano na plateia ou no elenco. Kim Ji Soo, Song Kang, Nam Joo Hyuk (maravilhoso, concordo) são mais festejados do que os criadores das novas modas.

Este é um resumo dos desfiles vistos até agora. Vamos ver o que o Nicolas Ghesquière apronta na Louis Vuitton e afinal, quem assina a Chanel, na próxima semana. E lembrem: preto, terno grandão, capa ou qualquer peça longa por cima da roupa, cabelos lisos repartidos no meio ou um coquinho no caso dos ternos. De novo: falei em vestir de preto? De gostar dos atores coreanos? De que moda é um fenômeno maravilhoso, um tipo de Arte que pode fazer do nosso corpo uma galeria? E nem sempre é a roupa que importa, pode ser o raio de sol que entrou por um janelão no Trocadero, uma música emocionante, um ator favorito sentado ao nosso lado na plateia?

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