CasaCor Rio: a mágica dos pequenos espaços

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Sala com lustre de papagaios, no Estudio da Estilista, conceito da Marcela Martins

Os preços nos supermercados estão absurdos - os azeites ganham compartimentos fechados a chave. A falta de chuva piora a situação dos incêndios, infelizmente, a maioria proposital. E o trânsito, que maluquice?

Apesar destes dissabores, parece que estamos voltando a uma normalidade. Pelo menos no Rio de Janeiro, cidade do improviso genial. A prova está nas agendas que andam sem espaço para tantas festas, lançamentos, eventos de todos os tipos.

Casacor Rio transforma

Uma evidência desta mudança é a 33ª edição da CasaCor Rio, mais uma vez organizada pelas valentes Patricias, a Mayer e a Quentel, da empresa TrêsPlus. Os 68 profissionais, entre arquitetos, decoradores, designers e paisagistas construíram 48 espaços, começando em 70m², com tudo: cozinha, banheiro, salas, quartos, até lavabos! Mas a transformação supera a admiração pela competência em superar espaços mínimos.

Quem lembra o que era o shopping São Conrado Fashion Mall, no bairro entre a zona sul e a Barra da Tijuca? Um empreendimento inaugurado em 1982, dedicado às lojas consideradas de luxo, com um bom teatro e cinema confortável. E os restaurantes? O Claude Troisgros ocupava uma ponta de um dos andares. A Chocolate, combinando gastronomia, moda e até uma moto de marca famosa. A Regina Lundgren, onde as clientes disputavam echarpes Dior.

Quem sabe o motivo da decadência? Nem vamos pensar nas várias hipóteses.

O fato é que a CasaCor se instalou no atual Fashion Mall, comprado pela Gafisa. No andar térreo sobrevivem algumas lojas de marcas, como a Lenny e Animale. O segundo virou um show de moradias de sonhos, de criatividade e de esperanças de vidas confortáveis. O terceiro andar abriga os restaurantes e lojas do evento.

Alguns destaques

Difícil descrever todos os espaços, durante o dia dedicado a convidados e imprensa: corredores e lofts atraíam as pessoas curiosas, ansiosas por encontrarem os amigos e autores de cada ambiente. Pedindo licença a cada passo, destaco alguns detalhes e conceitos - sim, porque cada lugar tem uma história, quase um conto de fadas. Onde uma loja fechada virou uma casa aconchegante e moderna.

Paula Müller Lobato assina o Estúdio Urupês, cheio de bichos subindo pelas paredes, como relevos ou objetos, lembrando o personagem Jeca Tatu. A marcenaria interliga a entrada com o quarto, onde reina a cama com dossel. Pelo sobrenome, vem a lembrança de Monteiro Lobato, o grande escritor, ancestral da Paula.


Fernanda Medeiros transformou 76m² no Estúdio Ponto de Areia, com uma homenagem à Glorinha Paranaguá, famosa pelas bolsas de bambu, com direito a um retrato da própria,dos tempos de embaixatriz. Móveis da Arquivo Contemporâneo (um carrinho de chá perfeito!), mantas e tapetes da Galeria Hathi, lembrando padrões do Marrocos, onde Glorinha morou.

Marcela Martins aproveitou a experiência de trabalho na Farm e montou o Estúdio da Estilista. Em 85m² achou lugar até para uma grande esteira ergométrica. Falta um fogão! “Porque esta estilista não cozinha, ela pede tudo pelo delivery!” explicou a Marcela, rindo.


Paula Neder fez o Spa da Praia, para mostrar os lançamentos da Deca, um dos patrocinadores da mostra. Deu para ver na entrada as fontes depois de alguns degraus. Dali em diante, uma pequena multidão escondia as novidades.

Victor Niskier se ocupou fornecendo seus móveis para ambientes como o da Mariana Monnerat. “Estou ampliando a rede de clientes nacionais e internacionais para o design, desta vez saí dos projetos”, Uma pena, porque Niskier sempre surpreende.


As lojas propõem a troca dos óculos pelos novos modelos coloridos da Gustavo Eyewear. Ou se apaixonar pelas joias da Lyly, organizada pela Anna Clara Tenenbaum, que atualmente mora em Cascais e pretende reviver o sucesso do Joia Brasil em Portugal, no Ritz de Lisboa.


Nando Grabowsky restaurou móveis do restaurante, realçou o projeto original da Bel Lobo e deu um toque tropical irresistível, com o grande painel feito de tiras confeccionadas por bordadeiras de Minas.

Sophia Abraham conseguiu 120m², em uma brinquedoteca em tons pastéis, cheia de atrações. Desde piscina de bolinhas até a possibilidade da criança escanear e ver seu desenho participando da projeção que mostra o conceito de Oceano Utópico.

Mas a grande surpresa fica por trás de tiras de acetato, típicas de lugares de serviço: é o bar secreto, inspirado nos speakeasy novaiorquinos, aberto ao público, mesmo quem não passar pela bilheteria do evento. Tiago Freire assinou o lugar de grandes sofás, balcão com bancos altos, móveis vintage. As bebidas são da moda: coquetéis com gin Tanqueray, as garrafas de líquidos coloridos preenchem as prateleiras. Espaço perfeito para encerrar a visita ao CasaCor Rio, em uma noite ao som de Bossa Nova.

E o que será do Fashion Mall, depois de novembro, quando serão desmontados os belos ambientes do CasaCor? Ninguém sabe, segundo Patricia Mayer. Agora que interessa é, como diz o conceito da mostra: De Presente, o Agora.