IESA RODRIGUES
Passarela na rua. Em Ipanema, claro
Publicado em 30/11/2024 às 14:33
Alterado em 30/11/2024 às 14:34
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Sem dúvida, esta cidade surpreende. Quem imaginaria que voltaríamos aos eventos de rua, com roupas de mais de R$ 1mil circulando em uma calçada, uma plateia chic, sem sustos, roubos de celulares, estes detalhes que muitas vezes impedem arriscar o ar livre como palco. Mas se a Madonna se exibiu na praia, por que a moda deixaria de se mostrar para quem quisesse ver?
E quem não foi, perdeu duas belas coleções, uma loja multimarcas cheia de tentações e um bufê que incluía até lagostins! Alexandre Schnabl produziu o show no final da tarde de terça-feira na esquina da rua Maria Quitéria com a Visconde de Pirajá, em frente à Praça Nossa Senhora da Paz: resumo, no coração de Ipanema. A Opinião, multimarca há dois anos no ponto, tem a missão de trazer marcas com curadoria, dar espaço também para novas. “Atualmente são 30 marcas, que atendem a dois públicos: aos moradores do bairro e aos turistas. Certas coleções têm até lista de espera, como a lingerie! Pretendemos seguir três pontos: cuidar dos clientes, das marcas e da equipe de vendas. Há sempre um café, brigadeiros. Acho que somos um minishopping de rua!”, definiu Juliana Erthal, à frente da Opinião.
Longo marrom chocolate, top estilo Paco Rabanne e tailleur curto com mochila rosa, da coleção resort Frankie Amaury Foto: Ines Rozario
Acessórios da coleção: as cobiçadas mochilas e a bolsa de franjas Foto: Ines Rozario
O couro
Mais uma vez tenho que elogiar o trabalho de designer de Renata Veras, que está revivendo a grife Frankie Amaury. A primeira peça do desfile na passarela externa já valia a espera (curta) em pé na rua: um longo de couro marrom-chocolate, um impacto de elegância. Mas vieram camisas daquelas que vestem todos os tamanhos e idades, conjuntos de shorts ou bermudas e a dupla com referência em Paco Rabanne (o tio Amaury adorava o estilista espanhol, segundo a sobrinha Renata), um top e um longo de pastilhas de couro. Sem falar na complementação, com as cobiçadas mochilas, que começam a parecer imprescindíveis nos closets antenados. “Um destaque, que o Amaury também gostava, é a jaqueta com estampa de coqueiros nas costas e uma listra colorida, só de um lado”, lembrou Renata em entrevista um tanto emocionada e lacrimosa por parte das duas, repórter e designer, lembrando do Amaury Veras...
Os gatos
Da grife Tóia, o chemise branco, Veluma em cores vivas e a estampa de gatos no crepe Foto: Ines Rozario
No intervalo, passa uma suposta convidada com um vestido com estampa de gatos, em seda. Quase abordei, para saber de onde era, de tão bonita ela estava. Nem deu tempo: no que começou o segundo desfile, era um dos modelos da coleção da Toia, da Ana Vitoria Lemann. Como artista plástica, tem o privilégio de selecionar obras que poderiam estampar crepes e sedas, roupas fluidas, misteriosas, cheias de surpresas. Um chemise tem um inesperado coulissé na cintura; um longo pode ser em camadas de tecido, a noite estrelada é a estampa de um dos looks de calça, em azul. Azul-noite, claro. “Este se originou de uma colagem”, explicou Toia.
E para reforçar a lembrança dos eventos de rua dos anos 1970, lá vem Veluma, com a mesma animação dos desfiles no Golden Room, vestida com cores vivas, sorrindo e sendo aplaudida.
O trio da tarde: Renata Veras, Tóia e Juliana Erthal Foto: Ines Rozario
Pensam que quando o desfile acabou foram todas para casa? Nada disto: além de terem ocupado a caixa para pagar compras das peças escolhidas, as convidadas voltaram para curtir as delícias da Malu Mello, a chef dos lagostins citados no início. E ela já aceita encomendas de ceia de Natal. Outra personagem, a DJ Palomma, animou a esquina com muito Daft Punk.