IESA RODRIGUES
Inspiramais, uma aula de conceitos e esperanças
Publicado em 26/01/2025 às 16:01
Alterado em 26/01/2025 às 16:05
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A 31ª edição do Inspiramais confirmou a importância dos eventos que superam o simples exibir e comentar as novidades. Sempre achei que, se um salão com centenas de expositores tivesse só uma coleção maravilhosa, valeria a viagem, o dia entre estandes buscando notícias e até o eventual investimento financeiro.
Esta mostra de curtumes, fivelas, acessórios para a produção de peças que irão para o varejo de moda foi uma aula de conceitos e previsões. Estes foram os pontos importantes:
Tendências: mais uma vez a pesquisa de Walter Rodrigues nos levou a belas mudanças. Indo contra o atual cenário de problemas climáticos, polarizações políticas, um Apocalipse em alta, a previsão se baseia em Esperança. Dividida entre o Humano, com a subdivisão em dança, a comunidade. E a Utopia, com base no sagrado, no escapismo e na diversão.
Um exemplo do uso da tendência Dança Foto: Iesa
Influência: os conceitos básicos saem das idéias de um teuto-coreano do sul (de novo, a Coreia do Sul), o Byung Chul han, autor de livros contra a sociedade do medo, o cansaço. Já estão na Amazon, em português. Leitura obrigatória.
O vermelho e seus tons estão entre as cores para 2026/27, além dos pastéis Foto: Iesa
Bolsa de franjas de buriti, vinda do Acre Foto: Iesa
Exemplos de sapatos feitos com os novos couros. O aspecto peludo, os relevos e escamas estão previstos. Do Acre, a sandália com jarina e buriti Foto: Iesa
Detalhes: impressiona a capacidade dos curtumes e designers produzirem couros tão finos que parecem plissados, bordados, com brilhos variados. Ao mesmo tempo, há o encanto da produção vinda do Acre, com bolsas de palhas da Amazônia, miniaturas de barquinhos de madeira. Ou a arte da tapeçaria da Leda Vargas, em quadros com estilo que lembra a Op-Art ou com palavras como Love, Life.
Quadros em tapeçaria, da marca Artesania Foto: Iesa
A China: Fernando Pimentel, CEO da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) definiu algumas estratégias para concorrer com a produção chinesa.
A China não vai desaparecer. Um terço do que o mundo produz é feito na China. Eles contam com subsídios, nós temos o custo Brasil
Vamos apostar no projeto Nova Indústria Brasil, que vai atuar em seis áreas: o agro, a defesa (segurança nacional), as cidades, a área médica, o digital e o saneamento.
Entre outros números (como os bilhões de toneladas de algodão, produzidas pelo Brasil em 2024), outro fator decisivo para a evolução econômica do têxtil brasileira é o governo Trump.
O Brasil está entre os 10 maiores mercados consumidores do mundo. Mas não sejamos ingênuos, precisamos de cerca de 15 bilhões de reais para crescer. Nesta competição, não tem bala de prata.
O painel no aeroporto Salgado Filho celebra a coragem da recuperação do estado Foto: Iesa
E o aspecto mais otimista: a recuperação do Rio Grande do Sul. Depois de saber que tanto o hotel Ibis Assis Brasil, quanto os prédios da FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) e o aeroporto ficaram cobertos da água das enchentes de maio de 2024, e agora estão como novos, lembramos do conceito de esperança exposto pelo Walter. E ele deu o toque final: “os planetas estão todos alinhados, como na época da revolução francesa. Vamos nos preparar para grandes mudanças!”