Agricultura e Pecuária, políticas públicas e demandas corporativas
O novo governo poderia ouvir de forma coordenada as melhores cabeças, em grandes encontros segmentados por culturas/regiões, rebanhos e raças. Temos assistido uma constante disposição verbal do Executivo e da bancada "ruralista" no atendimento de demandas da agropecuária. Não se trata de uma crítica. Mas, não estaria faltando um trabalho de contextualização mais abrangente, crítico, criativo, do conjunto?
Pergunto se não seria produtivo para atender corretamente os pedidos dos produtores, estabelecer uma ordenação de iniciativas, coordenadamente com as diretrizes maiores do governo. Vejo razão para um debate amplo e aprofundado para dar credibilidade e consistência ao que se decida fazer. Não consigo ver produtividade em audiências públicas da frente parlamentar.
Quem conhece o funcionamento do Legislativo sabe a superficialidade demagógica das manifestações. Também não vejo prosseguimento confiável nas visitas de segmentos à Ministra, sem estudos e sem debates mais sérios e aprofundados sobre a relevância de alguns itens dessa multidão de assédios corporativos. Vamos deixar a Ministra trabalhar! Vamos construir com racionalidade o que urge e o que deve olhar para o médio e longo prazo.
Temos um projeto para a agricultura e pecuária, que tenha linhas claras, uma agenda legislativa, um trabalho intelectual que espelhe a importância do Brasil no suprimento mundial de alimentos? Não, não temos. Não elegemos um plano articulado, convergente, de coerência elevada.
Até hoje não foi feito um amplo diagnóstico crítico, do retorno, dos Planos Safra. Nada sobre isso foi publicado. E vem aí muito, em breve, recursos de centenas de bilhões de reais para aplicação, sem avaliar o que aconteceu no passado recente com esse caminhão de dinheiro.
Vamos deixar a Ministra trabalhar.
O corpo técnico que temos, com destaque para a Embrapa, pode construir a estrutura intelectual sobre a qual vamos erguer um futuro melhor, mais produtivo.