Itaú prevê que Selic vai a 13,75%

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Por Gilberto Menezes Côrtes

Gilberto Menezes Côrtes

O Departamento de Estudos Econômicos do Banco Itaú apresentou ontem, 13 de junho, a última revisão do cenário econômico de 2022 e de 2023. Os resultados ainda dependem dos impactos das medidas de redução dos tributos sobre energia elétrica, combustíveis e telecomunicações, aprovada no Senado e que terá 2ª votação na Câmara federal. Para o Itaú, o formato temporário da redução de impostos (válido até 31 de dezembro na maioria dos casos, salvo o ICMS, com duração indefinida) indicam que a sustentabilidade fiscal será um grande desafio para 2023 em diante.

Crescimento da economia: o banco espera agora crescimento do PIB de 1,6% em 2022 (revisado de 1,0% após a divulgação referente ao 1º trimestre), com atividade econômica robusta no 1º semestre, mas desaceleração na 2ª metade do ano. Mantida a projeção de crescimento modesto de 0,2% em 2023.

Desemprego: O Itaú reduziu a projeção da taxa de desemprego para 11,0% em 2022 (de 12,0% anteriormente) e para 12,3% no próximo ano (de 12,6%).

Quadro fiscal: O Depec Itaú estima um resultado primário (receitas menos despesas, sem contar o serviço da dívida pública) zero em 2022 (vindo de superávit de 0,5% do PIB, anteriormente), déficit de 0,1% em 2023 (-0,3%, anteriormente) e dívida bruta em 79% e 82% do PIB neste ano e no próximo, respectivamente. O banco considera “esses patamares elevados para uma economia emergente, de tal forma que iniciativas de redução de receita em tramitação no Congresso, sem medidas correspondentes do lado dos gastos, preocupam em termos de escopo e duração, e reforçam que a sustentabilidade fiscal continuará sendo um importante desafio à frente”.

Inflação: O Itaú revisou novamente a projeção para o IPCA 2022 de 8,5% para 8,7%. O banco incorporou uma desinflação mais lenta de bens e serviços, que devem seguir pressionados ao longo do 2º semestre. Isso porque as medidas de redução de impostos têm impacto baixista sobre as projeções deste ano, mas, para 2023, revisou a projeção de 4,2% para 5,6%, levando em conta alguma reversão dos cortes de impostos, além de maior persistência do processo inflacionário.

Dólar X Real: Foram mantidas as projeções de taxa de câmbio em R$ 5,25 por dólar para o final de 2022 e R$ 5,50 por dólar para o final de 2023. O banco espera depreciação em relação aos patamares atuais, tendo em vista as incertezas externas e domésticas.

Taxa de juros: Diante deste cenário, o Depec Itaú segue “esperando que o Copom eleve os juros para 13,25% a.a. na reunião de amanhã (15 de junho) e sinalize uma última alta, para 13,75% a.a. em agosto (dia 2)”.


LCA Consultores vê impacto do PLP 18

A LCA Consultores fez projeções sobre os impactos deflacionários das medidas aprovadas pelo Senado (65 votos favoráveis e 12 contra) com redução do ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, etanol e telecomunicações, além da isenção do IPI/Cofins na gasolina e no etanol. A LCA observa que o impacto dessa redução da carga tributária pode ser menor se ocorrem novos reajustes dos derivados do petróleo (o que depende dos preços internacionais, que seguem em alta e do dólar).

Como os senadores alteraram a proposta original, essa versão deve voltar ao congresso e ser votada novamente. A medida, visa favorecer mais a população de mais baixa renda. O ICMS é um imposto sobre consumo em itens básicos (combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e etc) e que tende a afetar mais que proporcionalmente a população de baixa renda.

De acordo com a versão atual, o governo federal irá compensar os estados sempre que a perda de arrecadação for maior que 5% em cada bem ou serviço. Resta saber se isso será o suficiente ou se os governadores clamarão por mais impostos, porque o grosso da arrecadação do ICMS custeava as atividades de saúde, educação e segurança pública.

A tabela abaixo apresenta nossas estimativas dos impactos na inflação, se o repasse for integral, e nas contas públicas, ao longo de 12 meses. A redução da carga tributária pode ser menor se ocorrem novos reajustes dos derivados do petróleo. A perda total de ICMS chegaria a R$ 119 bilhões em 12 meses.