PIB sobe; IPCA cai abaixo de 6%
O Bradesco já revisou de 1,4% para 1,5% a previsão de crescimento do PIB nos primeiros três meses deste ano. O Itaú elevou sua previsão para 1,4%. O IBGE divulga oficialmente o resultado do PIB em 1º de junho
Em meio ao avanço da tramitação do Arcabouço Fiscal no Congresso e à expectativa de a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) esta semana, mudar o horizonte temporal das metas de inflação, com a substituição do ano-calendário por metas contínuas de 12 meses (como se pretende para os parâmetros fiscais), a Pesquisa Focus do Banco Central trouxe boas novas: o mercado reduziu as previsões de inflação e subiu as do PIB.
No embalo da baixa do dólar no Brasil/apreciação do real, e a nova política de preços da Petrobras, dois fatores que aliviam as pressões sobre a alta dos preços administrados, o mercado (em respostas de 153 instituições financeiras, institutos de pesquisa e consultorias) previu, pela 1ª vez este ano, queda nas projeções semanais de inflação de 2023 (que baixou de 6,03% para 5,89% - 5,75% nas respostas dos 5 últimos dias úteis). O Itaú reduziu de 6% para 5,8%. Em 2024, o mercado baixou de 4,15% para 4,23% (4,14% nos 5 últimos dias). Há um mês, as projeções eram de 6,04% e 4,18%, respectivamente.
A reversão nas projeções do câmbio: para dezembro de 2023 caiu para R$ 5,15, contra R$ 5,20 na semana anterior, nível mantido por quatro semanas; para 2024 baixou para R$ 5,20, contra R$ 5,25 mantido há quatro semanas, teve consequência na redução das projeções de aumento dos preços administrados.
Com a nova política de preços da Petrobras, de adotar as vantagens comparativas do petróleo produzido a baixo custo no Brasil e a maior utilização de suas refinarias, como elementos complementares ao PPI (paridade de preço internacional), que levava em conta as cotações dos derivados no exterior e a taxa de câmbio, houve redução de preços (e da curva dos preços administrados).
Sobretudo depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou que a Petrobras guardou margem para baixar os preços dos derivados nas refinarias e atenuar o impacto na nova rodada de reonerações de ICMS prevista para junho sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações. Como a gasolina, o GLP e o diesel têm peso importante na cadeia produtiva, o mercado reduziu, de forma expressiva, a previsão do reajuste do conjunto de P.A. em 2023 (de 10,53% para 9,50%). Esta foi a 1ª previsão abaixo de dois dígitos. Nas apostas dos últimos 5 dias úteis, baixou para 9,44%. Para 2024 a previsão foi mantida em 4,50%.
IPCA não passa de 5%
As previsões do mercado para os próximos três meses – justamente quando começaram, em fins de junho do ano passado, as fortes reduções eleitoreiras e temporárias de impostos federais e estaduais (ICMS) para derrubar a inflação (caiu de 11,87% em junho para 5,79% em dezembro) na tentativa de reeleger Jair Bolsonaro – são de alta controlada da inflação. Apesar do susto da taxa de 0,61% em abril, a taxa acumulada em 12 meses ficou em 4,18%. O mercado espera um IPCA de 0,43% em maio. Como a taxa foi de 0,47% no mesmo mês de 2022, a taxa em 12 meses cairia para 4,13%. Para junho, a previsão é de um IPCA de 0,34/0,31%, que substitui um de 0,46% em 2022, o que reduziria a taxa da inflação em 12 meses a 4%.
E em julho, que teve deflação de 0,68% em 2022, a previsão é de um aumento este ano de 0,36%. Com isso, o IPCA em 12 meses subiria a 5,10%. O importante é que o mercado não espera mais que o IPCA ultrapasse a faixa de 6% este ano. Isso dá mais tranquilidade ao Banco Central para calibrar os juros. Se for adotada a fórmula de 12 meses contínuos, sem necessariamente mudas os níveis das metas, a política monetária visando a desinflação poderá ter outra dinâmica. Menos contracionista e mais condizente com os impactos das safras agrícolas sobre preços e o empuxe dos demais setores da economia.
PIB cresce de 1,5% a 1,6% no trimestre
Os dados do IBC-Br de março (alta de 2,41% no 1º trimestre) levaram bancos e consultorias a revisar para cima suas projeções. A LCA Consultores continua relativamente pessimista, prevendo alta de apenas 0,9% para o Produto Interno Bruto do 1º trimestre. O período de janeiro a março é sempre pressionado (para cima ou para baixo) pelo resultado da safra de grãos, que concentra sua colheita (sobretudo a soja) em fevereiro e março. Como as previsões são de que a safra agrícola de 2022/23 teve crescimento acima de 10%, o impacto da produção agropecuária será muito alto no 1º trimestre. A questão é projetar o comportamento da economia nos próximos trimestres, sem impacto da safra.
O Bradesco já revisou de 1,4% para 1,5% a previsão de crescimento do PIB nos primeiros três meses deste ano. O Itaú elevou sua previsão para 1,4%. O IBGE divulga oficialmente o resultado do PIB em 1º de junho.
Hoje, a Fundação Getúlio Vargas apresentou o resultado do seu Monitor do PIB, que previu, com base no crescimento de 10,9% na safra de grãos, um crescimento trimestral de 2,6% no PIB. Embora a indústria siga com fraco desempenho, a FGV viu crescimento em todos os segmentos de serviços e expansão de 4,7% no consumo trimestral das famílias (em parte pelo novo mínimo e o crescimento do emprego formal), o que sustentou o desempenho dos serviços (em especial o comércio).
Em compensação, a Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que daria pista do vigor da economia, cresceu apenas 0,2% no 1º trimestre, segundo a FGV. A construção avançou 2,4% e outros componentes do índice, tiveram expansão de 4,1%, mas o fraco crescimento do componente total está ligado à retração de 3,4% de máquinas e equipamentos, em especial nas vendas de caminhões e ônibus, mesmo com a grande safra agrícola.