Focus vê IPCA em 5,35% até setembro
Dois importantes indicadores da economia divulgados hoje pelo Banco Central – o IBC-Br de maio (queda de 2% frente a abril) e as projeções do mercado, na Pesquisa Focus, para a inflação de julho a setembro – indicam que os piores temores do Comitê de Política Monetária foram afastados e que há espaço para baixar os juros mais que 0,25 ponto percentual na reunião do Copom em 2 de agosto, sobretudo porque o Fed terá definido sua política dia 26 de julho.
Os dados do IBC-Br, que funciona como uma espécie de prévia do PIB levantado pelo IBGE, mostraram que a economia não há aqueceu. A alta de 1,9% no PIB do 1º trimestre, puxado pelo avanço de 19% da agropecuária, não se sustenta neste 2º trimestre (espera-se avanço de 0,1% a 0,2% no PIB). E os dados sobre o menor crescimento que o esperado da China no 2º trimestre, já derrubaram as cotações dos minérios e do petróleo, importantes itens nas exportações brasileiras, que estavam em expansão, junto com itens do agro.
Os dados mais tranquilizadores sobre o IPCA de julho, agosto e setembro afastam os piores temores do Banco Central. O Copom jogou na retranca, mantendo a Selic em 13,75% desde agosto de 20222, porque sempre apostou no risco do descontrole da inflação no 3º trimestre. Levava em conta a comparação com o mesmo período do ano passado, quando o corte temporário e eleitoreiro dos impostos federais e estaduais sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações produziu deflação de 1,32% de julho a setembro.
Entretanto, o cenário da mediana das expectativas das 150 instituições financeiras, consultorias e institutos de pesquisa que responderam à Focus na 6ª feira passada, indica um cenário tranquilizador. A taxa acumulada em 12 meses do IPCA fechou junho em 3,16%. Para julho (que teve deflação de 0,68% em 2022), a mediana do mercado espera alta de 0,19. Nas previsões dos últimos 5 dias úteis, o mercado espera alta de apenas 0,13¨.
Para agosto, que teve deflação de 0,36% em 2022, a mediana das 150 instituições apontou alta de 0,28%. Nas respostas dos últimos cinco dias úteis a previsão aumentou para 0,33%. E para setembro, que teve deflação de 0,29% no ano passado, a previsão é de alta de 0,29%, mantida nas previsões dos últimos cinco dias úteis.
Na combinação desses cenários, a inflação ficaria em 12 meses entre 5,33% e 5,35% em setembro. Isso corrobora a previsão de que, com a redução da Selic a 12% em dezembro, o IPCA fecharia o ano entre 4,95% (estável em relação à semana anterior) e 4,92% (nas respostas dos últimos cinco dias úteis). O teto da meta de inflação é de 4,75% (3,25% + tolerância de 1,50%).
A China desenha novo cenário
Entretanto, os dados de menor crescimento da China no 2º trimestre (6,3%, abaixo dos 6,9% estimados pelo mercado) já se refletiam na baixa das cotações dos minérios de ferro e do petróleo, o que pode ajudar no processo de desinflação da economia brasileira.
Uma das chaves desta desinflação tem sido a nova política de preços da Petrobras, que já não segue cegamente o PPI (paridade de preços internacionais) que forçava a estatal a usar menos seu parque produtivo, gerando menos produção, impostos e renda para a economia brasileira, em detrimento das importações.