O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Rali do iene segue afetando real e moedas

Publicado em 26/07/2024 às 13:23

E o rali dos investidores globais em direção ao iene segue afetando o mercado de câmbio, valorizando o iene em 0,28% nesta sexta-feira e desvalorizando o peso mexicano, a lira turca e o real, no processo de realocação de ativos. O dólar subia 0,23% contra o real, cotado a R$ 5,6551 pouco depois do meio-dia, criando um quadro complicado para a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), dias 30 e 31 de julho.

No mesmo dia, o Federal Open Market Committee (FOMC) decide sobre o horizonte das taxas de juros nos Estados Unidos. Até os últimos dados que mostraram o PIB americano forte no 2º trimestre, eram crescentes as apostas de que o órgão de política monetária do Fed anunciaria redução dos juros em setembro. Agora, teme-se nova declaração de estabilidade. Com a valorização de dólar pelos juros mais altos dos EUA, aumentam as pressões inflacionárias.

LCA prevê IPCA de 0,35% em julho

A LCA Consultores está projetando 0,35% para o IPCA em julho. Apesar da boa notícia da desaceleração dos preços dos alimentos (a consultoria prevê queda de 0,80% em Alimentos e Bebidas, com baixa de mais de 1% na alimentação em domicílio), o acionamento da bandeira amarela neste mês elevou os preços de energia elétrica, e os reajustes da Petrobras no gás de botijão (ambos afetando Habitação) e da gasolina, o que pressiona o grupo Transportes, que também será impactado pela alta de passagem aérea.

A alta do dólar, com o real mais desvalorizado pressionará Artigos de residência, destacadamente TV, som e informática. A consultoria ainda prevê alta de Despesas pessoais por conta de Recreação (nas férias escolares) bem como do grupo Comunicação via Serviços de streaming e Combo de telefonia, internet e tv por assinatura.

A queda na Alimentação e bebidas foi causada pela reversão dos efeitos especulativos das intempéries climáticas do Sul do Brasil. Tubérculos, raízes e legumes e Leites e derivados têm previsão de arrefecimento em julho, o que resultará em descompressão no grupo. A LCA também espera descompressão do arroz, tirando força de Cereais, leguminosas e oleaginosas.

Quanto ao trimestre, é possível, portanto, vermos desaceleração na margem Alimentação no domicílio a partir de julho, ainda que se mantenha em patamar superior ao mesmo trimestre de 2023. Adicionalmente, apesar do primeiro reajuste feito pela Petrobras no ano de 2024, Transportes tende a registrar taxas mensais modestas via combustíveis após julho. Tais perspectivas tiram força, respectivamente, de Alimentação e bebidas e de Transportes no trimestre compreendido entre julho e setembro.

Qual o valor da balança comercial?

Nos números das contas externas de maio, divulgados ontem, o Banco Central contradiz o Relatório Trimestral de Inflação sobre o saldo da balança comercial de 2023. O RTI aponta US$ 81 bilhões. Já o boletim mensal das Contas Externas no Notas Econômicas-Financeiras do BC aponta valor de US$ 92,275 bilhões em 2023, mais próximo dos US$ 98,8 bilhões divulgados pelo MDIC.

Houve ajustes metodológicos na contabilidade de operações em criptomoedas, mas é preciso então o Banco Central fazer uma nova projeção para a balança comercial. No último RTI, a previsão do saldo deste ano é de apenas US$ 59 bilhões. Até a 3ª semana de julho o saldo já acumulou US$ 47,6 bilhões.

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