Após vencimento, real reage melhor ao dólar
Passado o vencimento dos contratos futuros de dólar na B3, numa prova de que havia um ataque especulativa contra o real, a moeda brasileira reage nesta segunda-feira com um dos melhores desempenhos frente ao dólar, com alta de 0,22% às 12:30. No mesmo horário, do dólar subia 50% frente ao iene (Japão), 0,61% contra o franco suíço e 0,40% frente ao peso mexicano.
Apesar do avanço da direita, que ficou com 33% dos votos no 1º turno das eleições legislativas na França, a possibilidade do partido de Emmanuel Macron, que ficou com 22% dos votos, fazer uma coalizão no 2º turno do próximo domingo com a Nova Esquerda, que levou 28% dos votos, valorizou o euro em 0,20% frente ao dólar no mesmo horário. E, às vésperas da eleição no Reino Unido, na quarta-feira, a libra esterlina operava estável frente ao dólar.
Mas as apostas contra o real subiram de US$ 80 bilhões para US$ 82 bilhões na B3. Boa parte das transações é creditada a investidores estrangeiros. Mas o DNA aponta para brasileiros (pessoas físicas ou jurídicas) instalados em “off-shores” em paraísos fiscais do Caribe e da Europa.
Ao tentar estancar a saída de “capitais estrangeiros” que faziam arbitragem com o diferencial de juros elevado do Brasil em comparação aos Estados Unidos (que acelerou quando o Federal Reserve suspender a baixa de 0,75% nos “fed funds” este ano, para talvez apenas 0,25%), o Banco Central preferiu brecar a queda da Selic, mantendo-a em 10,50%.
Isso apenas esfriou a economia brasileira (motivo das críticas do presidente Lula), sem afetar as operações especulativas de investidores e exportadores contra o real. A melhor forma de intervir no câmbio, que é flutuante, é via operações de “swap” cambial, que atinge apenas os especuladores da moeda.
Focus prevê dólar alto e reduz PIB
A pesquisa Focus encerrada pelo Banco Central na sexta-feira junto a 152 instituições financeiras, consultorias e institutos de pesquisa apontou alta do dólar, o que empurrou para cima a inflação deste 2º semestre e a de 2025, e, de outra parte, reduziu as projeções para o crescimento da economia em 2025.
Há um mês o mercado previa que 2024 fecharia com o dólar a R$ 5,05. Na sexta-feira a previsão subiu de R$ 5,15 na semana anterior para R$ 5,20 e as respostas dos últimos cinco dias úteis manteve a previsão em R$ 5,20 (o nível esperado para o fim de 2025 foi de R$ 5,19, caindo a 5,15 em 5 dias úteis).
Com o dólar alto, a mediana do IPCA de 2024 elevou de 3,88% (há 30 dias) para 3,98% na semana anterior e 4,00%, sendo de 4,02% as projeções dos últimos cinco dias. Para 2025, as projeções saltaram de 3,77% (há 30 dias) para 3,85% na semana anterior e 3,87% na sexta-feira, nível mantido nas respostas dos últimos cinco dias úteis.
A dinâmica dos preços administrados (combustíveis, tarifas de transporte urbano e de carga, energia elétrica, utilidades públicas, comunicações, além de planos de saúde e pedágios) mostra aderência às projeções de alta do dólar. Há um mês, a Focus previa alta de 4,00% para os preços administrados em 2024, nível que caiu para 3,94% há duas semanas e voltou a subir para 3,98% na semana passado, com salto para 4,03% na mediana das respostas dos últimos cinco dias úteis. Para 2025, os P.A. tiveram projeção elevada de 3,85% (há 30 dias) para 3,90% na sexta-feira e recuo para 3,83% nos 5 dias úteis.
Como consequência do bom desempenho da economia no 1º semestre e da revisão do Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, que elevou de 1,9% para 2,3% a previsão de aumento do PIB este ano, a mediana da Focus manteve o PIB estável em 2,09%, mas, nas respostas dos últimos cinco dias úteis, aumentou para 2,10% (ainda abaixo da previsão do BC). Mas o dado ruim, que reflete o nível mais elevado da Selic é que o mercado que há um mês esperava alta de 2,00% no PIB de 2025, reduziu as apostas para 1,98% na sexta-feira, sendo que a mediana das respostas nos últimos cinco dias úteis caiu para 1,94$. Para 2026, o mercado manteve a previsão de 2,00%.
A marcha da inflação
O surto de inflação do IPCA está arrefecendo. Na visão do mercado, o IPCA de junho, que o IBGE divulga dia 10, esperado há um mês em 0,20%, subiu muito com as projeções dos impactos da tragédia climática do Rio Grande do Sul, chegando a 0,33% na sexta-feira, mas, nas respostas dos últimos cinco dias baixaram para a mediana de 0,32%. Para julho na visão saltou de 0,12% (há 30 dias) para 0,18% na sexta-feira e 0,20% (cinco dias úteis). Já para agosto, deu-se o inverso: a taxa começou em 0,11% há um mês, baixou para 0,10% e recuou para 0,09% nos últimos cinco dias úteis.